A tentativa de converter São Paulo na “Capital da Resiliência” também passa por explorar suas atrações.
É uma cidade multifacetada, complexa, sedutora e instigante.
Quem sabe, por exemplo, quantos museus existem na capital paulista?
Mais um deles encontra-se à disposição, podendo ser visitado aos sábados e domingos, das dez às dezessete horas.
Fica na Rua Santa Luzia, 31, na Sé. Chama-se “Museu do livro esquecido”.
Uma tentativa de restaurar o amor por esse objeto que parece ter caído de moda, ao menos para os milhões de brasileiros que deixaram de ler nos últimos anos.
Entretanto, o livro – assim como a árvore – é o melhor amigo dos humanos.
Permite viajar sem pagar passagem, nem exibir passaporte.
Mais ainda, penetrar na mente de pessoas com as quais existe uma certeza: você nunca se encontrará pessoalmente com elas. Pois já deixaram esta esfera terrena e estão mergulhadas no mistério.
A exposição inaugural chama-se “A Solidão e a escrita” e contempla a escrita como uma eficiente maneira de lidar com a solidão.
Três escritoras nessa mostra: Carolina Maria de Jesus, a autora de “Quarto de Despejo”, Teresa Margarida da Silva e Orta, a primeira escritora brasileira e Christine de Pizan, a primeira que conseguiu sobreviver graças à escrita.
O museu fica num palacete construído por Felisberto Ranzini, que nasceu em Mântua e chegou ao Brasil com oito anos.
Estudou no Liceu de Artes e Ofícios, tornou-se renomado artista plástico, arquiteto, professor da Escola Politécnica entre 1921 e 1949 e do próprio Liceu.
Atuou no escritório de Ramos de Azevedo e ajudou a construir o Mercado Municipal da Cantareira e a Casa das Rosas.
Para sua família, edificou o palacete onde hoje está o Museu do Livro Esquecido, que merece uma visita de todos os que se interessam pelo livro e pela arquitetura da qual pouco resta na febricitante megalópole que é a maior cidade do Brasil e a quinta do mundo.
O nome do museu já é uma metáfora: pede que o leitor não se esqueça dos livros físicos.
Eles merecem sobreviver.
José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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