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Opiniões

30 DE ABRIL DE 2010

Nem tanto ao céu, nem ao mar

Por: Fernando De Maria

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A decisão do Conselho Assessor de Segurança no Exterior, ligado ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que recomendou aos norte-americanos evitarem viajar para as quatro das maiores cidades da Baixada Santista (Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande) até que os atos de violência – com 23 assassinatos em menos de dez dias -terminem revoltou os prefeitos, que repudiaram a atitude do órgão. Por meio de nota, o conselho manterá o comunicado até que as ondas de ataques cessem.
A polícia ampliou em mais 200 policiais o efetivo da corporação da região, chegando a 3700 homens. Pelo menos a atitude do governo americano contribuiu para o aumento do efetivo policial, mesmo que de forma temporária.
A decisão merece considerações. Primeiro: contam-se nos dedos os americanos que escolhem a Baixada Santista como local para curtir suas férias. Portanto, na prática, a decisão é pífia e tem pouco resultado prático. Na realidade, a repercussão provocou mais impacto que o próprio ato americano. A questão central é que, em termos turísticos, a procura é, quase em sua totalidade, de turistas e veranistas provenientes do interior paulista e região do ABC e Capital, áreas, aliás, onde o índice de criminalidade é bem maior que na Baixada Santista.
Levantamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado mostra que no ano passado ocorreram 14,36 homicídios para cada 100 mil habitantes de Campinas. Na Capital, o índice foi de 11,23. Outros exemplos: São Bernardo do Campo registrou 10,53 homicídios para o mesmo volume, enquanto a vizinha Santo André, 12,65.
Os números, portanto, estão bem distantes da média das quatro cidades apontadas pelo levantamento do conselho americano. Santos, por exemplo, teve 5,86 homicídios para cada 100 mil habitantes no ano passado, enquanto Guarujá foi 9,1; Praia Grande, 4,05 e São Vicente, 9,89.
No entanto, o aumento no número de homicídios ocorridos na última semana, cujo perfil das vítimas é formado por pessoas, em sua maioria, sem antecedentes criminais, é motivo de preocupação e precisa ser atacado pelos prefeitos e autoridades de segurança pública com o mesmo ímpeto em relação às críticas à decisão americana.
Mesmo com a queda no número de homicídios, deve-se destacar que os índices do ano passado foram superiores a 2007 e 2008 em Santos, Praia Grande e Guarujá; e desde 2005, em São Vicente. Por exemplo, Santos registrou em 2008, 2,86 homicídios por 100 mil habitantes, a metade que fora registrada no ano seguinte.
Portanto, fica evidenciado que houve exagero por parte das autoridades americanas e os prefeitos têm razão em reclamar sobre isto. Porém, não se pode ignorar também o crescimento, ainda que lento, do volume de assassinatos nas principais cidades da região. Afinal, nem tanto ao mar, nem tanto ao céu, mas está claro que há muito o que se fazer entre estes extremos antes que a recomendação americana vire praxe.

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