No clima de agosto | Boqnews

Opiniões

30 DE JULHO DE 2017

No clima de agosto

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Para a maioria dos mortais, o segundo semestre começou no início de julho. Para os políticos e parcela dos magistrados, porém, ele só inicia a partir desta semana, quando tanto a maioria das câmaras municipais, assembleias legislativas, Congresso Nacional, além dos supremos tribunal federal e de justiça retornam às atividades. É o Brasil da minoria privilegiada.

Muito mais que a virada da folhinha do calendário, agosto pode ser o mês do desgosto para muitos. A começar pela votação da rejeição ou não da denúncia contra o presidente Michel Temer, prevista, provavelmente, para ser votada a partir da quarta-feira (2).

Para conseguir afastar o presidente, a oposição precisará de 342 votos, um feito complexo. Temer é acusado pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, de corrupção passiva no cargo em razão das denúncias do empresário e dono do grupo JBS, Joesley Batista.

O flagra do ex-deputado Rocha Loures – homem de confiança do presidente – sendo filmado dias após a gravação saindo de um restaurante com uma mala com R$ 500 mil é a tônica central da denúncia. Outras delações de ex-aliados podem aprofundar ainda mais a crise para o lado do presidente.

Os aliados fazem as contas para blindar Temer e garantir que o pedido de afastamento seja rejeitado. Em troca, não faltam verbas para emendas parlamentares, favores e outros benefícios nem sempre públicos. A conta será paga pela população.

Apesar do jogo de xadrez ser aparentemente favorável ao presidente, não se pode desprezar o seu baixo índice de popularidade – o pior da história de um governante civil, com apenas 5% de aprovação- e a pressão dos eleitores contra os deputados.

Afinal, 2018 se aproxima e qualquer manifestação contrária ao desejo popular pode significar o fim político para muitos destes parlamentares. Assim, não se poderá subestimar até que ponto isso irá afetar a opinião dos 513 parlamentares (o que se espera é a presença maciça dos parlamentares, assim como ocorreu em relação ao pedido de cassação da ex-presidente Dilma Rousseff no ano passado). Se ficar claro que a economia pouco será influenciada em uma eventual saída de Temer, os riscos contra ele serão maiores e os argumentos favoráveis se tornarão frágeis.

Mesmo que Temer e sua tropa consigam se livrar desta acusação, o procurador-geral já adiantou que novas denúncias serão colocadas à mesa, antes da sua saída do cargo, em meados de setembro.

Não bastasse, as aguardadas delações do doleiro Lúcio Funaro e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, poderão trazer novos fatos que ajudariam a derrubar a República mais cedo ou mais tarde. A conferir.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.