Relatório divulgado nesta semana pela Organização Não Governamental Oxfam deu números à uma realidade perceptível e preocupante: a desigualdade de renda no Brasil ficou estagnada em 2017, pela primeira vez nos últimos 15 anos, situando o País no 9º lugar no ranking mundial de desigualdade.
Segundo o documento, houve estagnação em relação à redução das desigualdades, com risco de retrocesso.
O estudo apontou ainda que, em 2017, o Brasil tinha 15 milhões de pessoas pobres, que sobrevivem com uma renda equivalente a US$ 1,90 por dia (cerca de R$ 7,50), uma alta de 11% em relação a 2016, quando esse número foi estimado em 13,3 milhões de pessoas e o terceiro ano consecutivo de aumento no número de pobres no País.
O resultado apontado pelo documento também deixou claro que os avanços obtidos até então derivaram quase que exclusivamente da implementação de programas assistenciais como o Bolsa-Família, que permitiu a inclusão no mercado de consumo de produtos básicos milhares de famílias que viviam em níveis de miserabilidade.
Os números mais uma vez evidenciam a necessidade dos futuros governos federal e estaduais adotarem de forma integrada um conjunto de ações permanentes voltadas a dotar o País com as condições estruturais que favorecem seu desenvolvimento social e econômico.
Contudo, essas iniciativas não podem ocorrer a qualquer preço e, sobretudo, devem servir para alavancar pretensões políticas e eleitorais.
Mais do que distinguir governos, projetos públicos devem estar alinhados a perspectivas realistas de execução, de forma que não sejam negligenciados ou apressados ao bel prazer dos administradores, que, ressalte-se, não fazem favor algum em cumprir metas para atender os reais anseios da população que os elegeram.
É de se esperar, portanto, que se cumpra apenas o que é possível cumprir, sem açodamentos e desperdício dos recursos pertencentes à Nação.
Enfatizar, nesse momento, a geração de renda por meio da ocupação de trabalhadores em projetos voltados à melhoria das condições de vida da população, como habitação, saneamento e infraestrutura urbana, é de fundamental importância e, por isso, deve estar entre as principais prioridades das autoridades públicas.
Criar oportunidades no mercado de trabalho ainda é a melhor maneira de fortalacer a economia e, como resultante, reduzir a grande distância que ainda separa os poucos ricos dos muitos pobres brasileiros, um contingente que deseja menos complacência e mais dignidade.
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