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Opiniões

28 DE OUTUBRO DE 2016

Números enganosos

Por: Fernando De Maria

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Os números podem enganar qualquer um. Afinal, dependendo do ponto de vista, você pode enfatizar ou suprimir tal informação de acordo com os critérios pretendidos. E a Imprensa, muitas vezes, repercute as informações que lhe são transmitidas sem ter a acuidade de checá-las.

Ao receber um material enviado pela Secretaria de Saúde do Estado com destaque para a manchete Mortalidade Infantil cai 34% na Baixada Santista, confesso que fiquei animado. Afinal, qualquer iniciativa para ampliar e melhorar o atendimento às gestantes e aos bebês merece ser comemorada.

Os dados enviados tomam como base o novo levantamento da Fundação Seade, atestando os indicadores da mortalidade infantil paulista, que registrou o menor índice da sua história no Estado, atingindo 10,7 óbitos por mil nascidos vivos, um alento se comparada à redução em 6,7% em relação ao ano anterior e de 37,1% se cruzada à taxa registrada em 2000, quando morriam 17 crianças paulistas a cada 1000 nascidas.

Pela manchete ufanista, houve uma redução entre 2000-2015 de 34,2% no número de casos fatais. Somente no ano passado nasceram 25.219 crianças e morreram 369, totalizando a mortalidade de 14,6. Um morte por dia, aliás.

No entanto, ao analisar o cenário real, que vai além das palavras dos textos oficiais, a realidade é bem diferente por aqui. Ao contrário da média paulista, a mortalidade infantil cresceu, passando de 14,48 para 14,63 crianças nascidas (aumento de 1%), enquanto no Estado houve uma queda de 11,43 para 10,66 casos. Ou seja, estamos na contramão da tendência estadual. Mais uma vez. Não bastasse, a região representa 5,5% do total de mortes infantis no Estado, apesar de 4% do total de nascimentos ocorrerem aqui.

A Baixada Santista, aliás, ostenta o desonroso título de maior incidência de mortalidade infantil no Estado. Ou seja, as probabilidades de uma criança nascida aqui morrer logo nos primeiros dias é 71% maior que outra nascida na região de Ribeirão Preto (com taxa de 8,5) e 36% maior que a média paulista. Até a região de Registro, no Vale do Ribeira, o mais pobre do Estado, tem indicadores melhores.

Deve-se ressalvar que este crescimento regional deve-se aos vergonhosos indicadores registrados em alguns municípios, como Mongaguá, que viu a taxa de mortalidade crescer de 8,70 (em 2014) para escandalosos 22,32 (em 2015), uma alta de 156,5%. O mesmo ocorre em Praia Grande. Em 2014, foram 11,63 casos contra 17,34 no ano passado, aumento de 49%.

Bertioga é o município que melhor índice apresenta, com 8,15, e único abaixo da média paulista, de 10,66. Santos reduziu em 15,4% a taxa, caindo de 14,34 para 12,13.

Portanto, caberá aos governantes eleitos e reeleitos junto com seus respectivos secretários de Saúde traçar metas regionais e encontrar exemplos bem sucedidos para copiar e enfrentar de vez esta questão tão delicada, pois não é possível andarmos na contramão da tendência paulista e continuarmos ostentando tão desagradável título.

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