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28 DE JULHO DE 2023

Números inaceitáveis

Por: Humberto Challoub

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Apesar de ter atingido o menor patamar em 12 anos, o total de mortes violentas ocorridas no País em 2022, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 40,8 mil pessoas, não deve ser comemorado.

Isso porque, com uma população equivalente a 2,7% dos habitantes do planeta, no Brasil ocorrem cerca de 20% dos homicídios cometidos no mundo.

Os dados do relatório contradizem a retórica do atual Governo para suprimir a permissão do uso de armas pela população.

Enquanto que em estados onde o comércio de armamentos foi maior, como São Paulo e Santa Catarina, ocorreram quedas no número de mortes, em outros com menor poder aquisitivo, como Bahia e Amapá, os índices se mostraram substancialmente maiores, colocando por terra a tese governamental.

Na verdade, as causas para a manutenção das taxas elevadas dos crimes de morte já são por demais conhecidos.

O despreparo das forças policiais, depreciadas pela corrupção; a observância de legislações penais ultrapassadas; o crescimento do consumo de drogas financiado pelos segmentos sociais abastados; a ausência de políticas sociais para atender as demandas das populações menos favorecidas; e a degeneração do sistema carcerário são apenas algumas das variáveis que tornaram o problema da violência urbana complexo e de difícil solução em curto e médio prazos.

Dessa forma, não é possível mais aceitar que uma questão de tamanha relevância seja tratada apenas em âmbitos locais.

Os muitos equívocos cometidos no passado atestam a incompetência das gestões estaduais e municipais, e a adoção de medidas paliativas e de pouco efeito coercitivo.

Favorecidos por décadas de negligência dos poderes constituídos, quadrilhas e milícias encontraram nas favelas campo fértil para prosperar e criar métodos sofisticados de enfrentamento às incursões policiais.

Utilizando armamentos com tecnologia militar de última geração, contrabandeados com facilidade de vários países fornecedores, os grupos criminosos desenvolveram estratégias comparadas às praticadas nas praças de guerra, vitimando inocentes e condenando às famílias ao cotidiano de medo e submissão.

A sociedade quer a paz, a recuperação dos valores morais e de convívio harmonioso, traço cultural que sempre identificou e notabilizou o Brasil entre o conjunto das nações.

É preciso exigir do Governo Federal a liderança na execução de um plano prioritário de mobilização, integrando os segmentos envolvidos na questão a fim de produzir políticas eficazes e perenes de combate ao crime.

Mais do que assegurar a paz às comunidades, coibir crimes representa a imposição do desejo de preservar o estado de direito e a garantia de liberdade e cidadania às atuais e futuras gerações.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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