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Opiniões

03 DE MARÇO DE 2015

O exemplo que falta

Por: Humberto Challoub

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Em palestra dirigida para um seleto grupo de empresários, no início da semana, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pediu pressa ao Congresso para aprovação das medidas de ajuste definidas pelo

Governo para recuperar a capacidade de investimento do País a partir de 2016. Apesar de impopulares, especialmente porque põem fim a subsídios e promovem o aumento de tributos, as medidas são o remédio amargo que visam assegurar, no atual estágio da economia brasileira, a redução dos ímpetos inflacionários que se revelam acentuados em vários setores, especialmente nos segmentos de varejo que incorporam as recentes elevações dos preços dos insumos básicos, como combustíveis e energia elétrica.

Apesar de coerente e lógica, a retórica do ministro fica fragilizada diante da constatação de que o sacrifício imposto aos empresários e, principalmente à população, não são compartilhados no âmbito governamental, que até agora não demonstrou qualquer disposição de cortar gastos e mordomias de seus quadros. Como agravante, soma-se à elevação das despesas decorrentes dos aumentos salariais e verbas destinadas aos parlamentares, o que demonstra, mais uma vez, a imensa distância que separa os interesses dos representantes políticos da sociedade brasileira.
Inoportuna pelo seu caráter oportunista e despropositada, a farra salarial colocada em curso representa total falta de sintonia com o atual momento vivido pelo País, uma vez que implicará no crecimento dos gastos em um cenário recessivo. São muitos custos e poucos benefícios, especialmente diante das previsões pessimistas preconizadas para este ano.

O custeio das instituições que alicerçam o estado político brasileiro já é por demais oneroso diante das imensas necessidades da população. Neste sentido, ao invés de buscar subterfúgios para manter as benesses de poucos, seria de maior valia se o Governo, em conjunto com o Congresso, se dedicassem com maior afinco à tarefa de promover as reformas que o País tanto espera e precisa, na qual, sem dúvida, se inclui a revisão da legislação e dos princípios que norteiam o sistema político vigente. Há de se reconhecer que o regime democrático trouxe inúmeros benefícios para a sociedade brasileira, porém faz-se necessário o seu aprimoramento para a supressão das imperfeições nele identificadas.

O momento, portanto, impõe a adoção de uma postura mais paticipativa da população nas decisões políticas, por meio do engajamento nas entidades de classe, conselhos de moradores e organismos civis de representação. Cobrar transparência no uso dos recursos públicos e, sobretudo, fiscalizar os atos e ações dos mandatários eleitos representam, juntamente com o exercício do voto, a única fórmula realmente capaz de moralizar, de forma eficaz e perene, o atual regime vigente.

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