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18 DE MAIO DE 2017

O governo acabou

Por: Fernando De Maria

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Presidente poderia ter um gesto republicano: renunciar ao mandato para o País não parar. Por enquanto, não sinaliza com esta decisão

Presidente poderia ter um gesto republicano: renunciar ao mandato para o País não parar. Por enquanto, não sinaliza com esta decisão. Foto: Agência Brasil

Se os brasileiros achavam que já haviam visto de tudo, a hecatombe que atingiu Brasília na noite de quarta (17) mostra que as ações espúrias que a quadrilha de políticos que garfam de todas as formas o bolso da população prosseguem, mesmo estando em curso a principal operação de investigação no País, que prossegue com outros tentáculos a cada dia.

Os áudios e vídeos que tratam do envolvimento do presidente Michel Temer na tentativa de calar a boca do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, preso na Operação Lava-Jato, cujos valores pagos pelo silêncio chegariam a vergonhosos R$ 500 mil semanais por 20 anos (totalizando R$ 400 milhões) pelo grupo JBS, é um escárnio e uma afronta à sociedade.

A divulgação da delação premiada já autorizada pela Justiça dos empresários do grupo frigorífico permitirão conhecer os detalhes deste novo bordel que se instalou no meio político nacional. Aguarda-se apenas quando as gravações se tornarão públicas.

Restaria a Temer a alternativa mais coerente: a renúncia ao mandato, algo que o presidente já falou que não fará. Por enquanto.

O cenário, aliás, já não lhe é favorável em razão da elevada possibilidade da cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral. O escândalo que atingiu o governo pode abreviar este caminho.

Temer, portanto, tende a se agarrar no poder com todas suas forças, mas será um fantasma para levar adiante qualquer reforma pretendida. Partidos como PSDB, PPS, Podemos, PSB começam a pular do seu transatlântico. Viverá na sombra de quem se proclamava como alguém que poderia fazer as necessárias reformas que o País precisa, agora oficialmente paralisadas.

Apesar de improvável, a renúncia de Temer não representa a solução de todos os problemas. Teríamos duas alternativas: a eleição indireta para a escolha de um presidente para um mandato tampão ou a abertura do processo de eleições diretas. O problema é que a decisão estará nas mãos dos deputados e senadores, vários deles contaminados pela corrupção divulgada nas sucessivas etapas da Lava-Jato e outros tentáculos.

Enquanto o imbróglio se consolida, quem sofre é a economia e, é claro, a população. Os parcos sinais que mostravam uma recuperação do cenário tendem a ser jogados para o ralo, pois qual empresário investirá em um País onde a instabilidade política impede saber quem estará no poder nos próximos meses?
Não é à toa que a Bolsa de Valores chegou a ser paralisada por ter caído mais de 10 pontos percentuais e o dólar disparou, ultrapassando a casa dos R$ 3,50.

Qual preço que a população ainda terá que pagar para o Brasil parar de sangrar por causa desta corja?

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