O homem do Pulo do Gato | Boqnews

Opiniões

17 DE JULHO DE 2020

O homem do Pulo do Gato

Por: Fernando De Maria

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As homenagens ao jornalista José Paulo de Andrade só mostram a sua importÂncia para o jornalismo brasileiro.

Os mais jovens talvez não conheçam a sua relevÂncia para a história.

Mas é indiscutível o quanto sua ausÊncia fará para milhares de ouvintes que acordavam logo cedo ao som do miado do gato, marca registrada do seu programa O Pulo do Gato, que acordava os paulistas e paulistanos – e depois os internautas em qualquer lugar no mundo – sempre a partir das 6 horas da manhã – depois ainda mais cedo – na rádio Bandeirantes.

Zé Paulo era um ícone do rádio brasileiro. E do jornalismo.

Transitou pela área esportiva, como repórter e narrador.

Cobriu o milésimo gol de Pelé, no Maracanã.

Viu que não tinha espaço na emissora, onde sempre atuou e optou em mudar de ares nos anos 70.

Foi para o jornalismo geral, onde construiu uma carreira inquestionável, sendo diretor de jornalismo, abrindo as portas para centenas de profissionais.

De forma unÂnime, durante as homenagens prestadas a ele ao longo desta sexta, todos enfatizaram sua generosidade em lidar com novas gerações de jornalistas, radialistas e demais profissionais do rádio e TV.

O ouvinte poderia gostar ou não das suas opiniões.

Os políticos idem.

Mas sempre o respeitavam pela sua credibilidade e clareza nas informações.

Era sempre o contraponto e colocava gás em debates para análises aprofundadas sobre os mais variados assuntos.

Ao longo de seis décadas, esteve no grupo Bandeirantes, especialmente na rádio.

 

Amor pelo rádio

Aprendi a ouvir Zé Paulo logo cedo, com o tradicional O Pulo do Gato, marca registrada da emissora,  que foi retratada em livro escrito pelo jornalista Cláudio Junqueira, lançado no ano passado.

Mesmo vocÊ não o conhecendo pessoalmente, sua voz invadia os lares e a troca de ideias era algo que somente o rádio é capaz de fazer.

Ele, já com limitações pulmonares em razão dos longos tempos de convivÊncia com o cigarro, não compareceu ao lançamento na Universidade Santa Cecília, em Santos (SP) em fevereiro do ano passado.

Mas enviou recado À direção agradecendo pela lembrança Às novas gerações de jornalistas.

Tenho um exemplar, que guardo com muito orgulho em minha estante.

Eu já o ouvia há décadas, enquanto minha falecida mãe fazia o café da manhã para me preparar para ir À escola.

Ou quando meu pai costumava ouvir o Jornal Gente, ao lado de Salomão Esper, companheiro de longa jornada, e do também saudoso Joelmir Beting, sempre a  partir das 8 horas na Rádio Bandeirantes.

Uma mesa-redonda deliciosa, com um são-paulino (José Paulo), um corintiano (Salomão) e um palmeirense (Beting).

Cada um com seu estilo, opinião e voz.

A magia do rádio me encantava e foi a porta de entrada para a minha paixão pelo jornalismo, ofício que carrego há mais de 30 anos, com muito orgulho.

E sigo levando para as novas gerações de jornalistas há quase 25 anos, como professor universitário.

 

Perda para o Brasil

A morte de Zé Paulo é mais uma perda para o jornalismo.

E para o Brasil.

Enfim, mais uma ausÊncia para a sociedade brasileira, que necessita de vozes como a de José Paulo, ainda mais nestes tempos tão conturbados, onde os jornalistas são alvos frequentes de ataques.

E onde Zé Paulo sempre se insurgia, em defesa da categoria profissional.

Zé Paulo foi mais  uma  vítima desta doença letal, a despeito de muitos não acreditarem nela ou a chamarem de gripezinha.

Soma-se a outras mais de 76 mil vítimas fatais da Covid-19 no Brasil.

 

Livro

Esse Gato Ninguém Segura relata os 45 anos de sucesso do programa de rádio O Pulo do Gato.

O Pulo tornou-se o programa jornalístico há mais tempo no ar, no mesmo horário e com o mesmo apresentador, José Paulo de Andrade, em uma mesma emissora.

Agora, sua voz se calou.

Mas sua marca registrada nunca será apagada.

Descanse em paz, Zé.

 

 

Confira entrevista de  José Paulo de Andrade, concedida ao jornalista Eduardo Barão.

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