
Os filmes classificados indiretamente como
comédia-romântica feitos nos últimos anos, têm apresentado ao público
fórmulas genéricas e cheias de clichês, em alguns casos, é claro, não deixando
de ser engraçado. Mas, estava faltando algo de novo, algo que superasse as
expectativas do público e resultasse em um enredo fora dos padrões do gênero,
mas que permitisse o espectador sentir que se trataria de um filme onde o amor
juntaria duas pessoas e mudaria suas vidas. E foi através da direção do
cineasta David O. Russell que O Lado Bom da Vida atendeu a esse déficit de
criatividade, sendo indicado a oito categorias na cerimônia do Oscar 2013, que
acontecerá no próximo dia 24/02.
Muitos já devem ter lido alguma matéria sobre o filme e, por
algum acaso, ficou sabendo que Russell fez o filme com total dedicação ao
filho, que sofre de algum problema mental se for o mesmo problema do personagem
principal do filme, ele apresenta algum tipo de distúrbio bipolar crônico e
queria mostrar-lhe que a vida pode ser muito boa, mesmo com os problemas
particulares de cada um. Neste caso, a
inspiração e o talento do cineasta me fizeram mergulhar de cabeça e de ter a
sensação de acompanhar de perto o cotidiano dos dois personagens principais,
seus problemas pessoais e a penosa esperança de quem acompanha algum sinal de
progresso.
Dizem que tudo na vida existem dois lados. E, no filme, é
engraçado observar que, não só o problema de saúde é encarado como algo fora do
comum, mas também os vícios pessoais que cada pessoa pode cultivar durante o
seu ciclo terrestre. Exemplo disto é a superstição doentia do pai perante os
jogos de futebol e suas arriscadas apostas isto fica claro em uma das cenas,
onde a câmera se move lentamente e destaca os objetos espalhados pela sala – e
o amigo que promove uma falsa propaganda de casamento feliz diante da sociedade.
Isto nos mostra que: todos nós somos passíveis de apresentar nossos momentos de
bipolaridade. Seja na companhia de alguém ou sozinho. A diferença sempre se
encontra no grau que isso apresentará nas suas ações.
A ideia de juntar um cara que, a qualquer momento, desconexo
com a realidade, pode formular alguma intriga dentro de sua cabeça e se encontrar
engolido por um turbilhão de pensamentos que geram certo tipo de agressividade
com uma garota que, recentemente perdeu o marido e que apresenta sinais
perceptíveis de depressão, é a mesma coisa de estar preparando um coquetel
molotov. Ou melhor, uma bomba sem relógio, pronta para explodir a qualquer
momento. Talvez, esta seja a parte mais legal da história, observar onde vai
dar o nascimento de um novo relacionamento, uma amizade, entre tantos outros
problemas sentimentais, é algo gostoso de ver no filme. Escapamos de cenas
previsíveis e de todo um romantismo desnecessário durante os primeiros atos
não existe se quer um beijo até o clímax do filme. O que vemos é um cortejo que
flui humanamente, mas que antes de tudo preserva a amizade e a consideração de
apoio entre os dois.
As atuações são ótimas. Destaque, antes de tudo, para Robert
De Niro, que fazia tempo não representava tão bem nas telonas. Um ator classe A
que abandona suas caras e bocas e vive um pai nervoso, que aposta em jogos de
futebol. Fiquei muito feliz em vê-lo trabalhando desta forma. O segundo lugar
vai para Bradley Cooper, que de forma surpreende mostrou sua competência para
atuar no papel principal. Eu nunca ia imaginar que aquele beberrão de Se
beber, não case ia se sair tão bem. Cheguei à conclusão de que certos papeis
pode funcionar como uma sombra prejudicial ao trabalho de atores. A escolha de
papeis é de extrema importância na carreira de qualquer profissional deste ramo
Daniel Day-Lewis que o diga. Jennifer Lawrence definitivamente mostra que tem
talento para o ofício e abre uma porta promissora para a sua carreira
profissional a cena da pequena lanchonete é de arrepiar. Chris Tucker aparece
novamente como o engraçadinho da turma. Não que precisaríamos dele para rir com
o filme, que é repleto de cenas hilárias e dramáticas, mas, como ele não
aparece com tanta frequência, fica aceitável vê-lo uma vez ou outra, se forçar
muito.
A vida talvez tenha muito mais para oferecer do que nós
podemos imaginar. Ainda há tanto mistério e coisas que não conseguimos explicar
diante das questões impostas durante nossa passagem pelo mundo que, às vezes,
ficamos perdidos. Para todo caso, acredito que o amor seja a resposta para
muitas dúvidas. E quando digo amor, entenda que é geral. Amor pela família,
amigos e pelo próximo. Cientificamente o
amor não cura doenças, mas as torna suportáveis. Por isso, encontre e
desenvolva o seu lado bom da vida.
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