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10 DE JULHO DE 2017

O povo? Ora o povo…

Por: Fernando De Maria

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A frase completa deste título – abreviado por absoluta falta de espaço – seria: O povo? Ora, o povo… Se não tem pão, que coma brioches. A autora teria sido a jovem Marie Antoinette Josèphe Jeanne de Habsbourg-Lorraine, arquiduquesa da Aústria e rainha consorte da França. Ela faleceu com apenas 16 anos.

Independente da autoria, a popularização desta frase sintetiza a nua demonstração de desprezo das elites pelas camadas majoritárias e empobrecidas, ou seja, os estratos superiores da pirâmide social desprezam os que estão na base acreditando que o povo desconhece o que é melhor para si e adora ser tutelado.

Os séculos se passaram, mas o conteúdo da frase soa atual, ainda mais no Brasil, onde a cada dia a sociedade se depara com atos dos grupos do topo da pirâmide que mantêm seus privilégios deixando à sociedade apenas migalhas dos restos que caem da mesa do poder.

Exemplos não faltam para ilustrar tais situações, como a tentativa do presidente Michel Temer de se manter no cargo a todo custo. Ele nega a acusação de corrupção passiva – é o primeiro presidente no cargo acusado pela Procuradoria Geral da República por este crime – sem explicar, porém, por qual motivo recebeu o empresário-delator Joesley Batista à noite em sua residência oficial, longe da agenda presidencial?

E o pior: por qual razão o fiel escudeiro de Temer, o deputado Rocha Loures foi flagrado recebendo R$ 500 mil em uma mala, dinheiro só devolvido – em parte – quando a denúncia se tornou pública? E como explicar a facilidade com que o parlamentar conseguiu uma tornozeleira eletrônica para sair da cadeia?
E o que falar do senador Aécio Neves, de volta ao cargo e ao mandato, como se nada tivesse ocorrido. Em seu cândido discurso, tentou provar inocência, mas não soube explicar por qual razão pediu o suposto ‘empréstimo’ de R$ 2 milhões ao empresário-delator para pagar seus advogados em razão das acusações que pairam contra ele na Operação Lava-Jato? E o que falar de ministros do Supremo, alguns deles alinhados e aliados dos mesmos que são acusados, com forte viés partidário?

Saindo da esfera política, mas em âmbito policial, como argumentar a respeito da liberação (mais uma!) do médico Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de prisão por estupros em dezenas de pacientes que eram atendidas na sua suntuosa clínica na Capital. Graças ao ministro Gilmar Mendes – sempre ele -, presidente do STF à época, Abdelmassih foi solto às vésperas do Natal de 2010, fugindo para o exterior. Após três anos, a Polícia Federal o prendeu. Entre idas e vindas, está de volta à prisão domiciliar.

Enfim, exemplos de como a sociedade brasileira convive diariamente com verdadeiros tapas da cara, como se a única alternativa fosse a subordinação. Até quando?

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