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Opiniões

01 DE ABRIL DE 2010

O que será do futuro?

Por: Fernando De Maria

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De forma geral, temos a expectativa que o amanhã será melhor que o hoje. Isto, no entanto, não ocorre na educação. Fica evidenciada a queda significativa da qualidade ao longo das últimas décadas, um processo terrível que atinge mentes e corações, especialmente os de moradores da  periferia, que têm na escola, muitas vezes, sua única forma de mudar os rumos da sua realidade social. Só que ela não permite isto.
Os motivos são vários. Aponto alguns: o desinteresse por parte das autoridades  à profissão de educador, com pagamentos de salários irrisórios; a falta de preparo e de responsabilidade social de alguns profissionais que efetivamente optem  pelo magistério; a violência  que invade o espaço escolar, e a desigualdade social, refletida no âmbito acadêmico.
Esta soma de fatores fica evidenciada em práticas do cotidiano, onde as exceções são praxe. Na verdade, chegamos ao fundo do poço.  Aos saudosistas, é impossível não citar o Colégio Canadá, onde os exames de admissão selecionavam quem entraria na escola. Nos anos 80, eu mesmo prestei vestibulinho para ingressar na EE Primo Ferreira. Hoje, tal exame inexiste, pois sobram vagas.
Recorro novamente aos números para mostrar uma triste realidade. As notas dos nossos alunos da rede estadual obtidas no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp) 2009, desenvolvido pela secretaria de educação paulista, foram desastrosas, algo habitual desde que o exame foi implantado. Em uma escala de 0 a 10, nossos jovens e crianças  foram novamente reprovados em todas as séries avaliadas.
De um total de 51 unidades estaduais em Santos, a média dos alunos da 4ª  série do Ensino Fundamental foi de 3,39. Na 8ª série, caiu para 2,89 e na 3ª série do Ensino Médio, 2,14. Ou seja, de cada dez questões, nossos alunos acertam apenas duas, em média. Uma vergonha!
Outro dado preocupante: nenhuma das escolas estaduais teve média superior a 5 (ou seja, obteve 50% do conhecimento pleno). Apenas três tiveram entre 4 e 5 pontos médios; 12 entre 3 e 4; 27 entre 2 e 3, e 9 entre 1 e 2 pontos. Chama a atenção também que as notas mais baixas concentram-se em escolas de regiões periféricas. Ou seja, a desigualdade social se faz presente também na sala de aula.
Os tristes resultados deste quadro ficam evidenciados quando falta de mão-de-obra em diversas áreas. Em Santos, por exemplo, existem vagas na construção civil, mas faltam profissionais para preenchê-las.
Na verdade, fica evidenciada que a obrigatoriedade legal de investimentos em educação  em 25%  do orçamento não melhorou a educação brasileira. Ou seja, o dinheiro, de forma geral, é  mal aplicado.
A verdade é que nenhum governo, de qualquer sigla partidária, fez da educação uma bandeira de fato para iniciar um processo de transformação social no País, começando pela educação de base, o alicerce de qualquer iniciativa. Sem isto, continuaremos neste círculo vicioso nefasto.

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