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08 DE FEVEREIRO DE 2017

O som digital

Por: Da Redação

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A composição de um game quase sempre é lembrada pelo design dos seus personagens, pela grandiosidade do seu enredo ou até pela jogabilidade dele. Porém, o que não é “visto” também tem a sua importância no material completo. A    quilo que mal é reparado, que não é debatido, cuja importância na indústria cinematográfica é maior do que a discutida no mercado de games: trilha sonora. Mas no que o som pode influenciar este ramo que move milhões e como isto influencia no seu game sem que perceba.


IMAGEM 1Chrono Cross foi o meu primeiro contato com uma trilha sonora forte e que me fizesse perceber como havia um mundo além do que imaginava.

 Confesso que a primeira vez que reparei na trilha sonora de um game foi um pouco tarde, ainda no PlayStation (para quem joga desde o Atari…). Tinha ido àquelas barracas comprar uma certa quantidade de jogos para o videogame e vi um chamado “Chrono Cross”. Lembro como se fosse ontem. Coloquei o CD no videogame, totalmente despreocupado e despreparado com o que viria, acreditando ser um jogo comum e a cena seguinte surgiu na tela, antes mesmo de me dar a opção de apertar o Start.

Quando isso atingiu a minha mente de 14 anos de idade, foi um choque. Como um jogo poderia, ainda em sua abertura, incluir cenas de ação com uma música orquestrada que mostrasse a magnitude do enredo? Com seu texto inicial e a composição dos instrumentos, este game com esta apresentação me chamou atenção o suficiente para que eu me dedicasse a compreender tudo que estava ali exposto.

Depois dessa “iluminação”, me dediquei a reparar sempre nos sons que os jogos reproduzem durante a apresentação, o próprio jogo e suas cenas cinematográficas. Cada jogo tem sua peculiaridade, mas muitos possuem uma verdadeira obra-prima que não é bem apreciada nem muito comentada pelos jogadores. Ao máximo, vejo alguém comentar que as músicas são “repetitivas” ou “parecidas”, mas sinto que não têm o “ouvido” para este material. Como muitos de nós. E nem precisam ser apenas instrumentais. Jogos como Guitar Hero e Forza Horizon possuem uma gama de músicas populares que compõem a formação do game do início ao fim. Até mesmo GTA lhe dá esta liberdade e isto torna a jogabilidade de todos esses mais fluída, agradável e lhe permite aproveitar os detalhes daquilo.

Nos últimos anos, alguns jogos até disponibilizam sua trilha sonora gratuitamente, para que os fãs possam aproveitar um dos pontos altos de seus games. Se tiver um PlayStation 4, por exemplo, tem a opção de realizar um download gratuito da trilha de inFAMOUS: Second Son ou baixar a DLC de Digimon World: Next Order com os sons do game e ainda de quebra consegue a trilha sonora do primeiro Digimon, lançado apenas no primeiro PlayStation em 1999.

IMAGEM 2Digimon World, lançado em 1999, possui sua trilha sonora disponível para download no PlayStation 4 através do seu último game.

 Em jogos baseados em animações japonesas, este tipo de trabalho com os sons é mais equivalente aos seus desenhos animados, mas isto não proíbe suas produções de surpreenderem. Se me conhecerem, já sabem, mas para quem não sabe como sou, gosto tanto de jogos quanto animações em geral (seja japonesa, americana, de onde for, independente de onde vier). Naruto foi um mangá que acompanhei, comprei, assisti a alguns episódios e acompanhava as músicas do desenho. Quando lançou o jogo Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 para a nova geração eu fiz questão de comprar, não só por gostar da animação, mas também por ser o fim da história. Eis que me deparo na mesma situação que Chrono Cross me passou, com uma impactante cena inicial com uma música que passasse os sentimentos que o game queria impor.

A Square-Enix, que produziu Final Fantasy, também é especialista no assunto. Assim como o Chrono Cross, eles possuem jogos com um excelente instrumental e músicas. O próprio Final Fantasy XV, assim que se senta no banco do carro Regalia, permite que escolha entre as centenas de músicas que compõem os outros quatorze jogos da série. Fora a sua própria. Final Fantasy VII impactou uma geração no PlayStation ao incluir trilhas mais elaboradas do que os famosos “sons” (como em Sonic ou Mario), como pode ver em “One Winged Angel”, por exemplo.

Se damos muita importância para a trilha de filmes, porque não damos para as músicas nos jogos? O som é uma das coisas mais importantes em tudo que passamos em nossas vidas. Um dos cinco sentidos é dedicado a apenas isso. Ou apreciar música é apenas àquele artista popular que seus amigos curtem o som, ou aquela batida que te faz dançar na balada? Música faz parte só de sons aleatórios com uma letra sem sentido ou também é algo que pode compor uma cena ou um acontecimento (seja em filme também) como forma de completar a arte ali exposta? De que forma apuramos nossos ouvidos?

Apenas nós sabemos o que ouvimos e o que damos atenção. Mas repare, tudo tem um som. Tudo tem uma composição formada, seja em filme, jogo ou até mesmo uma animação. Existe uma equipe inteira formada, em cada produção destes materiais, que cuida e compõe para que determinada cena ou passagem atinja cada sentido que puder. Não apenas a visão. Se fechar os seus olhos, o que chegará até você?

Não é apenas de cenas bonitas ou épicas que precisamos. Ou de algo fluído para que a jogabilidade seja melhor. O cenário musical, apesar de subestimado, é extremamente forte e com certa atenção, pode vir a ser mais utilizado em várias outras mídias além da forma como ouvimos hoje. Dê a devida atenção ao que realmente importa, se vir um filme, jogo…o que for. O mundo vai além do que podemos enxergar.

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