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Opiniões

16 DE JULHO DE 2018

O tempo dirá

Por: Fernando De Maria

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Há 33 anos, o mundo assistia ao concerto Live Aid, que mobilizou milhares de músicos e público para alertar sobre fome e a pobreza na Etiópia e, por consequência, na própria África.

O tempo passou, mas os problemas permanecem no continente africano.

E, infelizmente, sem solução.

Mas não precisamos ir tão longe para verificarmos que diversos locais da Baixada Santista também podem ser comparados com indicadores africanos de extrema pobreza.

Isso graças a uma expansão indiscriminada, com invasão de áreas, alimentada pela manipulação política ao longo de décadas, que registramos indicadores vergonhosos.

Levantamento do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada traz números desconcertantes. O órgão mede o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) levando em consideração 16 indicadores, divididos por itens como mortalidade, renda e escolaridade, por exemplo, que se abrigam em três tópicos: Capital Humano, Dimensão Renda e Trabalho e Infraestrutura Urbana. Os dados podem ser conferidos neste site (http://ivs.ipea.gov.br)

O IPEA dividiu os resultados em indicadores, variando de menos de 0,20 (muito baixo) até acima de 0,50 (muito alto). Ou seja, quanto maior o número, maior a vulnerabilidade social.

Desemprego em alta atinge especialmente os mais jovens, que ficam cada vez mais à margem da sociedade

Por cidades

Santos tem o melhor índice (0,17), quase o dobro de Praia Grande (0,319) e São Vicente (0,311), ambas classificadas com o IVS ‘médio’.

Ou seja, ambas as cidades enfrentam problemas sociais que tendem a crescer se não houver atenção e investimentos urgentes em áreas sociais. Não bastasse, Cubatão (0,291) e Guarujá (0,285) batem na trave. Sinal de alerta.

Alguns números refletem melhor estes conceitos.

Segundo dados do IPEA, 52.650 jovens entre 15 a 24 anos vivem em condições consideradas vulneráveis, ou seja, sem emprego, estudo e facilmente cooptados pelo tráfico.

O número supera a população de Mongaguá.

Só São Vicente, Guarujá e Praia Grande respondem, juntas, por 60% destes casos.

Coincidência ou não, são as cidades onde os índices de violência têm se destacado em âmbito regional e estampam com frequência os noticiários policiais. Portanto, há uma relação clara entre o IVS e a segurança.

Além disso, outro dado preocupante é que, excluindo Santos, com 8,08% da sua população (cerca de 34 mil pessoas), e São Vicente, com 18,56% nesta condição, os outros sete municípios da Baixada têm mais de 20% de sua população com renda per capita igual ou menor a 1/2 salário mínimo (R$ 477 – R$ 15,90/dia).

Assim, os indicadores revelam claramente que há a necessidade urgente de ações metropolitanas, com apoio de outras esferas governamentais, para criar alternativas de geração de renda, emprego, e investimentos em habitação, saneamento, saúde e educação para enfrentar esta situação.

Se nada for feito, a realidade atual vai cobrar a fatura, especialmente no tocante ao aumento da violência. Ignorar esta situação é atear álcool na fogueira chamada insegurança, cujos efeitos são cada vez sentidos pela população.

O tempo dirá.

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