O terceiro de dois | Boqnews

Opiniões

16 DE SETEMBRO DE 2011

O terceiro de dois

Por: admin

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Esse texto quer refletir e falar sobre ser amante, ter amante ou mesmo ser vítima de um (a) amante. Desde logo advirto que me restringirei apenas às amantes mulheres, mas isso não quer dizer que a recíproca não seja verdadeira. A amante traz à imagem da “femme fatale”, aquela mulher sem escrúpulos que inferniza e atormenta a vida de casais felizes. Uma verdadeira Afrodite, pós-moderna, com seus longos cabelos anelados, perfume de cravo e canela quase uma Gabriela. Muita sensualidade e uma imagem surreal.


Tentarei dissecar um pouco esse papel, tão malvisto, perseguido, vilipendiado, mas que está presente nas melhores famílias e também naquelas acima de qualquer suspeita. Não pretendo fazer uma apologia do adultério, da traição, mas apenas enxergar sem falso moralismo uma prática que existe e se instala e quando descoberta é vivenciada com a força de um tsunami destruidor, dissecando o tema trazemos a baila da razão auxiliando casais que se vêem a beira do precipício por causa de uma situação dessas. Nada como perceber a dor que nos acomete sem um pingo de paixão para então saber-se exatamente o que se quer, e o que se deseja.


Na terapia de casal, não raro, nos deparamos com a amante principalmente como um sintoma do casamento ou do momento de individuação de seus membros. Questões que se bem trabalhadas pelo casal e com ajuda terapêutica se for necessário, pode resultar num desfecho surpreendente, quer unindo de vez o casal ou trazendo a tona conflitos encobertos. Ainda vemos o modelo antigo e arcaico de se ter uma amante para perpetuar o poder do macho no sentido de posse, ou mesmo para exercer na realidade a fantasia do sultão em seu harém, e claro que os motivos diferem de acordo com a história pessoal e até da camada social.


Eu gostaria de abrir um parêntese para falar dela, da mulher que antigamente seria a teúda e manteúda. Isso mudou e muito apesar da motivação masculina não ter mudado muito, a da mulher ganhou contornos mais claros, pessoais e independentes. Podendo ter a limitação do romance escondido, mas que apesar disso cultivam de forma especial uma vida própria, amizades sem que o investimento na relação secreta as deixe solitárias e excluídas da sociedade como no modelo tradicional das mulheres que por amor ou por carência e até por modo de vida se subjugavam ao sexo poder.


Como repercute ainda na criação e nas experiências familiares, o papel da esposa cerceada e subordinada ao marido, muitas moças ainda preferem esse modelo de relacionamento marginal para se preservarem donas da sua própria vida além daquelas que ainda acreditam que o amor e a dor andam juntos. Apesar disso o modelo da amante ameaçadora que telefona e chantageia ainda existe. Reconheço ser o que ocorre na minoria dos casos.


As mil facetas do adultério, da traição, são difíceis de serem descritas, mas o que vale aqui é chamar a atenção para essa vivencia que por inúmeros motivos intrapsiquicos acabam sendo fomentadas e quando as pessoas se dão conta estão vivendo num carrossel de emoções que em princípio podem ser fascinantes, mas que acabam sucumbindo pela grande dor e sentimento de desvalia que geram.


Portanto, vale analisar com carinho e sem paixão a motivação que leva as pessoas a se envolverem em relacionamentos pela metade, assim como a esposa também o é na grande maioria dos casamentos, pois há uma polarização entre os papéis da esposa e da amante.


Do lado da esposa, as preocupações e obrigações, e do lado da outra o prazer sexual e quase nada de responsabilidade. Isso tudo numa busca incondicional de dois valores fundamentais: a preservação da liberdade e o bom relacionamento sexual. Numa época em que não se aceita mais ser meio, metade, creio que  valeria a pena rever conceitos e necessidades para que as buscas fossem mais coerentes.


Pareço ser romântica nessa leitura da possibilidade em acabar com as mazelas ou imperfeições, mas creio sinceramente que isso seria possível, se tanto homens quanto mulheres construíssem relações mais inteiras independente do papel desempenhado. O importante é que a relação sirva para algo na vida das pessoas, de preferência para qualidade, felicidade e conhecimento superior. Só assim podemos a partir de nós dizermos que a tal da felicidade existe.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.