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Opiniões

18 DE JUNHO DE 2010

Obras de papel

Por: Fernando De Maria

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O descarte do estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, pela Fifa como o palco de abertura para a Copa 2014 atinge não somente o São Paulo FC, clube responsável pela praça esportiva, mas a cidade de São Paulo e, indiretamente, os municípios da Baixada Santista. Apesar do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, dizer publicamente que São Paulo não poderá estar fora do evento, na prática não existe uma alternativa concreta até agora, apenas promessas.
Especula-se que há um Plano B para construção de uma arena de mais 65 mil lugares para abrigar a abertura da Copa, dinheiro, aliás, vindo da iniciativa privada, pois tanto o governo do Estado como a prefeitura paulistana já adiantaram que não colocarão qualquer centavo para a construção de um estádio.
O Governo Federal também age no mesmo sentido. Praças esportivas privadas, como a do São Paulo, Atlético Paranaense (Arena da Baixada) e Internacional (Beira-Rio), poderão contar apenas com empréstimos do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Trata-se de um investimento  elevado aos clubes, já tão endividados. Não será surpresa se ocorrer em Curitiba o mesmo que o Morumbi.
O imbróglio é pós-Copa. Afinal, a iniciativa privada só entrará no projeto se houver a certeza que ele não será deficitário após o fim do evento esportivo. Ninguém joga dinheiro fora. As garantias e projeções falam mais alto que as paixões futebolísticas. E o legado do Panamericano no Rio de Janeiro é uma prova  negativa  concreta.
Com o tempo sendo o principal inimigo, ainda paira a dúvida se São Paulo realmente será uma das sedes da Copa 2014. Se ocorrer esta tragédia econômica, a Baixada Santista sofrerá os efeitos. Afinal, Santos se coloca como uma das sub-sedes do evento.
Além disto, as armadoras responsáveis pelos navios de passageiros planejam a chegada de transatlânticos para o período da Copa, que serviriam como hotéis-flutuantes no cais para atender a milhares de passageiros.
Briga de titãs
Com a aproximação do início das campanhas eleitorais (a partir de 3 de julho os governantes não podem mais autorizar a veiculação de publicidade), os governos estadual e federal reforçam os orçamentos publicitários para veicular suas ações, cada qual valorizando seus feitos. Por isto, alguns projetos que, aliás, nem saíram do papel, ganham espaço na mídia.
Obras do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, uma das bandeiras da candidata Dilma Roussef, que ainda nem foram iniciadas, são destacadas como se já estivessem concluídas. O mesmo ocorre com o Governo do Estado, que anuncia uma obra que só existe na maquete, a tão propalada ponte ligando Santos ao Guarujá, cujo anúncio ocorreu há um ano, ainda sob o comando do governador José Serra, e que pouco evoluiu.
Pelo jeito, até o fim deste mês, não faltará serviço às agências de publicidade dos órgãos públicos. Afinal, o papel aceita tudo.

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