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01 DE FEVEREIRO DE 2017

Onde estão os heróis?

Por: Da Redação

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Na minha infância, quando ainda tinha um SuperNintendo e esperava pelos fins de semana para ir às locadoras escolher fitas, tinha apenas uma que ganhei junto ao videogame e que me divertia quando a grana apertava ou as férias chegavam. Era “Marvel Super Heroes: War of the Gems”. No controle do Homem-Aranha, Wolverine, Hulk, Capitão América e Homem de Ferro, você deve se juntar a Adam Warlock e impedir Thanos e outros vilões de reunir as Joias do Infinito. Eram horas enfrentando as forças do mal na frente da TV (e morrendo milhares de vezes). Nessa época, o estilo beat’em up era essencial para os super-heróis. Vingadores, Homem-Aranha, Batman, entre muitos outros se entregavam a este gênero nos consoles e máquinas de fliperamas. Os anos passaram, eu vejo a minha estante de games e me pergunto…“onde estão os jogos de super-heróis?”

IMAGEM 1Marvel Super Heroes: War of the Gems foi lançado para o SNES em 1995 pelas mãos da Capcom)

Óbvio, tenho os que saíram nos últimos anos, como a franquia Batman Arkham que é um épico dos videogames, recriando o que foi visto em “O Cavaleiro das Trevas” com um tom mais sério e calçado na realidade, ou até mesmo InJustice: Gods Among Us, uma versão mais sombria de “Guerra Civil”, colocando Batman e Superman em lados opostos de uma briga mortal. LEGO Marvel Super Heroes, que coloca você na pele (ou peças?) dos Vingadores, Quarteto Fantástico, X-Men entre outros heróis em LEGO que tentam impedir o Dr.Destino e outros vilões de ter o poder das peças cósmicas que caíram na Terra. São excelentes jogos e cada um merecia um texto próprio, mas se raciocinar, o mercado está tomado de heróis. Porém, no mundo dos games, que é um dos “mais interessados”, eles estão em falta.

Em 02 de maio de 2008 o mundo contemplava um novo universo surgindo nos cinemas. Era um filme aparentemente sem compromissos, sobre um homem arrogante em sua veste metálica, que em seu final nos apresentou à “Iniciativa Vingadores”. Desde então, conto exatos 14 filmes da Marvel Studios, cinco filmes da DC Comics, seis filmes da Fox sobre os X-Men (sem contar a trilogia original, que formariam nove) e um do Quarteto Fantástico, além dos dois filmes da franquia O Espetacular Homem-Aranha pela Sony. Contando os últimos nove anos, tivemos por alto quase 30 filmes da linha. Seriados atingimos 14 e com vários anunciados para estrear em breve. Excesso, você pode afirmar. Apesar de ser apaixonado por super-heróis, tenho de concordar. Mas se por um lado, há muito, se ver pelos games, o escasso é dominante.

IMAGEM 2Arrisco a lhe perguntar se saberia qual super-herói / vilão ali representado não tem sua versão nos filmes ou seriados

Filmes, livros, quadrinhos, desenhos animados, onde quer que olhem existem super-heróis. Menos no universo de games. E eu falo além de adaptações, como The Amazing Spider-Man (1 e 2…que são muito boas, diga-se de passagem, mas não são um “Shattered Dimensions”), de figuras LEGO, algo que tenha a profundidade e produção dignas do que a Marvel, DC, Sony e até a Fox teriam a oferecer. Não faltam personagens, arcos de história, grupos e até consumidores para este tipo de produto.

Pelo rumo contrário, outras empresas estão preenchendo este mercado. A própria Sony investiu em Cole MacGrath, o controverso protagonista de inFAMOUS. Com a premissa de escolher entre ações boas e ruins, Cole molda seu destino através do enredo do game com seus superpoderes elétricos. O aclamado Life is Strange, da Square Enix, que nos apresanta Max Caulfield, uma adolescente que pode voltar e viajar no tempo e tem de lidar com seus problemas numa idade complicada com sua nova habilidade. Quantum Break, exclusivo do Xbox One e criado pela Remedy, traz Jack Joyce e seus recém-adquidos poderes de congelar o tempo e se mover fora da percepção dos oponentes. São conceitos muito utilizados nos quadrinhos, que os próprios não fizeram questão de utilizar nos últimos anos.

IMAGEM 3Jack Joyce, de Quantum Break, tem o poder de congelar o tempo, mas isso, nem de longe, pode se associar a algo bom

Vamos falar com sinceridade, o mundo precisa de heróis. Não só as crianças ou jovens. Alguém que luta e se esforça pelo que é o certo. Alguém que estará lá de pé para defender e proteger quando tudo der errado. Onde a política, autoridades e pessoas próximas a quem confiamos nos desapontam, onde devíamos nos segurar? Quem tomaríamos como exemplo? E o videogame, como mídia cultural, com seus US$99 bilhões sendo movimentados no último período 2015-2016 (conforme apontado pelo órgão de pesquisas Newzoo), com os seus recordes de vendas a cada lançamento e sua influência não pensaram nisso? Seu filho, irmão menor ou qualquer criança vai aprender sobre índole, seguir seus sonhos, coragem e sobre o bem e mal com GTA? Minecraft? Call of Duty/Battlefield? Em um mundo onde vemos mais pais e adultos “ausentes” das vidas das crianças e elas mais presentes nos meios digitais (videogames, smartphones e afins) que tipo de exemplo damos? E se não damos, onde entregamos “recursos” para que elas aprendam?

A Square-Enix, responsável por Final Fantasy, Kingdom Hearts entre outros está no comando para realizar uma leva de jogos dos Vingadores. O “Universo Marvel” entrará nos consoles, o que já é um “ótimo começo”, mas tem de ir além. Além do que vemos no cinema, nas HQs e nos livros e entregar um material que realmente faça jus à fama que adquiriram ao longo das décadas. Aos ideais e aos significados que a palavra “herói” traz à tona. E claro, não só aos “heróis”, como as “heroínas” também. E que não haja preocupação em excesso, mas sim qualidade. Como disse anteriormente, se estiverem mais interessados em passar uma boa mensagem do que preocupados com o dinheiro (o que sei ser impossível), ainda há uma boa chance de virem excelentes jogos daqui em diante. Cabe ao tempo responder a esta indagação…

(#reassemble)

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