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Opiniões

19 DE ABRIL DE 2022

Onde semear valores?

Por: Da Redação

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O Brasil é carente em muitas coisas. Falta educação, saneamento básico, tutela adequada do ambiente, moradia e emprego. Mas, sobretudo, faltam valores.

Estes é que sustentariam um consistente movimento de resgate da nacionalidade. Já fomos bem melhores. Inacreditável tenhamos escolhido o fundo do poço para domicílio.

Quando se lê a obra imatura de um paulistano patriota, um dos alicerces do modernismo, encontra-se muita coisa análoga aos nossos tempos: “Nem todas as nuvens de todos os tempos, reunidas em nosso céu, propagariam uma treva igual à que lhes solapa a inteligência e o infeliz amor da pátria”. Sim, falta amor pela Pátria.

Amor pelo Brasil sufocaria a polarização fanatizada, a ira, o ódio e a violência estimulada pela insensatez do armamento generalizado. Distribuir e fabricar instrumento para matar! O ser humano perdeu completamente o juízo?

“Insultos, cóleras, apodos/a carniçal volúpia das chacinas/os ódios que se batem/as mil raivas que se combatem”. O autor de Macunaíma anteviu o que seria o Brasil de 2022?

O que é que esta Pátria precisa? “Derramar a verdade em cada casa; dar-lhe um livro, que é força; educação, que é uma asa”.

Em vez de armas, livros! Em lugar das mentiras, a verdade!

Quanta falta fazem espíritos iluminados como Lygia Fagundes Telles, há pouco levada à eternidade e Mário de Andrade, figuras que enalteceram a Academia Paulista de Letras. Pessoas que deixaram legado.

Ensinamentos atemporais e imperecíveis: “Ser grande é ser bom. Justo na maneira de agir e no discernimento. Mitigar o humano sofrimento e ter o bem como estandarte. Ser grande é compartir o choro largo do mundo; agindo de tal forma, a deixar para o fraco uma lei e uma norma, e um beijo doce em cada lábio amargo. E pela força real das sábias energias, apagar o sarcasmo e as ironias”.

São dizeres sensíveis que, praticamente, não têm lugar no egoísmo consumista e narcisista de nossos dias. Invocar Mário de Andrade, que louva quem, “não pensando em si, dá felicidade – conhecendo que a glória apenas dura o quarto-de-hora desta vida, no minuto sem fim da eternidade”.

Banir de vez, da cena brasileira, aquele descrito por Mário em seu poema: “Mas o pior dos homens deste mundo, o menor, o mais triste, o mais mesquinho, deve ser o homem que, andando seu caminho, é infecundo no espírito e fecundo só nos desvarios e erros que pratica.

Deve ser o homem que, andando seu caminho, faz desgraçado quem se lhe aproxima; Infeliz/1 Pensa em luz, e engendra escuridades, quer replantar o bem, o mal deita raízes! Certo: é a maior das infelicidades, fazer dos outros homens infelizes!”.

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras – 2021-2022.

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