Os mortos-vivos | Boqnews

Opiniões

19 DE NOVEMBRO DE 2010

Os mortos-vivos

Por: Fernando De Maria

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As cenas divulgadas na última semana no ótimo programa Profissão Repórter, da TV Globo, mostrando a cracolândia paulistana comprovam a gravidade da situação onde pessoas, especialmente os jovens, se tranformaram em  uma legião de mortos-vivos, que não comem nem dormem, deixado a dignidade de lado. Sonhos somem na fumaça que sai dos cachimbos tragados com as pedras do crack.
Na mesma semana, imagens divulgadas pela TV Alterosa (SBT), de Minas, mostram o advogado Ércio Quaresma, que representa o goleiro Bruno Fernandes (ex-Flamengo) fumando crack, em uma boca de fumo na capital mineira. A droga não escolhe classe social.
Nós também temos nossa cracolândia, ainda que em dimensão menor. Basta olhar a qualquer hora do dia ou da noite, jovens espalhados pelos jardins localizados no início do elevado Aristides Bastos Machado, no Centro, fumando sem serem importunados. Outrora, a concentração ocorria na Rua Andrade Neves, no Centro. Mas a inauguração de uma unidade do Corpo de Bombeiros e da futura sede da Câmara alterou o fluxo. Outro ponto de concentração ocorre próximo ao túnel ligando Santos e São Vicente, no José Menino. Cenas degradantes. Na orla, é comum depararmos com grupos de adolescentes  fumando um ‘baseado’. O odor característico se mistura à maresia. Virou rotina.
A situação, infelizmente, é grave e na prática, apesar das boas intenções de alguns, a batalha contra as drogas é uma luta, na maioria das vezes, infrutífera. Faltam leitos hospitalares e instituições/clínicas para dar guarida a este exército de pessoas, que necessitam, em especial, de ajuda coletiva.
O consumo das drogas começa, muitas vezes, em casa. Divulgada em junho passado, pesquisa do Cebrid, da Universidade Federal de São Paulo, e da Fapesp, com 5.226 adolescentes de escolas particulares paulistas, concluiu que 40% deles já haviam consumido álcool no mês anterior à pesquisa – e a metade começou a beber em casa. O álcool, porta de entrada para as demais drogas, começa a ser consumido aos 12,5 anos. A situação é grave, em razão da ausência de políticas de prevenção, onde o narcotráfico tem ganho cada vez mais espaço no mundo.
Recém-empossada, a diretoria do Comad – Conselho Municipal de Políticas sobre Álcool, Tabaco e outras Drogas teve sua atuação ampliada. A ideia, segundo seu presidente, o psicólogo Eustázio Alves Pereira Filho, é atuar em três frentes: a prevenção – ponto central do processo; a realização de parcerias com universidades para estudos e pesquisas para fortalecer ações preventivas e a implantação do projeto Consultório de Rua,  unidade itinerante para atendimento aos usuários espalhados pelas vias públicas.
A luta é árdua e difícil. Só com apoio coletivo, as chances de resultados positivos serão maiores.



 

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