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24 DE FEVEREIRO DE 2023

Palcos de tragédias anunciadas

Por: Humberto Challoub

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Como a cada ano, a história mais uma vez se repete.

Desta feita, o palco da tragédia anunciada em razão das chuvas foram as cidades do Litoral Norte paulista, com dezenas de mortes e significativo impacto social e econômico para as populações residentes naquela localidade.

As sucessivas ocorrências dessa natureza registradas no País evidenciam o descaso das autoridades públicas em relação a essa problemática e, mais uma vez, atesta as consequências desastrosas geradas pela ausência de planejamento e pelos processos de expansão urbana ocorridos ao longo das últimas décadas.

A expansão urbana desordenada na faixa litorânea resultou na acelerada ocupação de regiões de risco, por meio de invasões de áreas imprescindíveis à preservação ambiental.

Corrigir os erros do passado não será tarefa fácil, porém é um dever de Estado que não pode ser mais negligenciado, uma vez que milhares de famílias vivem hoje sob o temor das tragédias anunciadas, sem qualquer perspectiva de solução em curto prazo.

Mais do que promover intervenções contingenciais para salvaguardar condições mínimas de habitabilidade, às autoridades públicas cabe o dever de estabelecer novas diretrizes para o crescimento dos núcleos populacionais, que passa, obrigatoriamente, pela revisão do modelo de desenvolvimento econômico e social que se pretende para o Brasil.

Além dos dramas familiares gerados pela perda de entes queridos e pelo desalento de não ter mais onde morar, o período das chuvas também traz prejuízos imensuráveis a muitos setores da economia, especialmente as que dependem da atividade turística e são obrigadas a paralisar atividades em razão das enchentes que interrompem importantes vias de tráfego e afastam os visitantes em razão do temor de novas ocorrências.

As intervenções que hoje se fazem necessárias para conter e reduzir as dimensões das tragédias servirão, mais uma vez, como meros paliativos diante de um problema sem solução, se tratado com complacência e omissão.

Exigir a inclusão de projetos habitacionais adequados nas áreas litorâneas, desenvolver campanhas educativas sobre a importância de manter as cidades limpas e, sobretudo, criar estímulos para a transferência das populações que residem em áreas de risco são fatores que devem pautar a introdução de novos conceitos desenvolvimentistas.

O poder de mobilização e o espírito de solidariedade presente nas tragédias provocadas pelas chuvas devem servir como exemplo e prova da capacidade transformadora inerente da sociedade brasileira, que assim deve contribuir e exigir dos governantes a adoção de políticas duradoras para a construção de novos parâmetros de desenvolvimento sustentável.

É preciso criar novos paradigmas para evitar que as populações continuem sob o risco interminável provocados anualmente pelos períodos de chuva.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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