Papo com… Renata Abussafi Queiroga

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Na verdade, me considero bailarina até hoje. Para mim, aliás, não existe ex-bailarina. É coisa de alma. Fui do Corpo de Baile do Teatro Municipal e viajei Brasil afora. Dançar em Joiville foi muito especial. Acho que a visão do mundo da bailarina é diferente de alguém que nunca atuou na dança. 

Por tudo o que a gente passa. Se hoje eu posso dizer que conquistei muita coisa profissionalmente, ou na vida pessoal, digo que devo tudo à dança. Ruth Lima (na ocasião, professora corpo de baile do Teatro Municipal de Santos; hoje, coordenado pela professora Renata Pacheco) me marcou muito como professora. Porque foi ela quem me proporcionou as dores e as alegrias de ser da dança. A dança também tem o lado da dor. Não só dos pés, mas do corpo todo. Como no filme Cisne Negro (dirigido por Darren Aronofsky). Tiramos a sapatilha do pé, a unha do dedão vai junto (risos). Sem contar as dores do fracasso, das decepções, de não conseguir realizar um determinado passo. Vamos muitas vezes além do nosso limite. Aprendi o que, de fato, é superação. Depois da dança, ainda tive minha própria academia. E produzir espetáculos que ele tem que funcionar em uma hora e meia, ou duas, não tem como editar, gravar de novo. A gente vê tudo: figurino, cenário, falar com os pais dos alunos, e muitas vezes sozinha, não é uma tarefa fácil.  Hoje, digo que ter um programa de TV é a parte mais fácil, pois eu posso editar, gravar de novo, se for preciso.

Comecei em 2003 com o programa, porém só trazíamos material  de turismo. Sempre amei viajar. Me inspirei no programa Wild On, da E! Entertainment Television. Evidente que eles dispõem de uma produção maior, a nossa é independente e fazemos com os recursos que temos em mão. Mas o gostoso era ver o quanto a apresentadora era descontraída. Ela sempre mostrava o que tinha de bom para se fazer tanto de dia quanto de noite. E assim surgiu o nome do programa. Quando fomos para a Santa Cecília TV, pensei num conceito de transformação. Sempre tive interesse no ser humano. Talvez por esse motivo tenha escolhido estudar Psicologia na faculdade. Hoje, posso dizer que o Tudo de Bom é dedicado a todas as mulheres. Começamos com as transformações visuais, pois acredito que se aceitar e se cuidar é muito importante para a autoestima da mulher, pois reflete no cotidiano do trabalho, da família e dos relacionamentos. 

Para manter o programa, você precisa dos anunciantes. A venda é  o  coração do programa. E eu me considero uma vendedora. Não se  consegue executar cada coisa de uma produção de TV sem o merchandising, tudo é caro. Isso possibilitou perspectivas para as empresas da região com valores mais acessíveis em relação aos grandes veículos de comunicação. A TV regional supriu bem esse espaço. 

Elas vivem um universo paralelo. Sou descendente de árabes e gosto de ouvir  suas histórias. Li um livro da Adriana Carranca (autora de O Afeganistão depois do Talibã), jornalista que cobre muitos países do Oriente Médio, como o Afeganistão e Paquistão, onde relata os mais terríveis atentados físicos que elas sofrem pelos homens e ainda precisam cuidar dos filhos. Um exemplo para qualquer mulher.  

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