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Opiniões

27 DE MARÇO DE 2010

papo com … Tammy Weiss

Por: Da Redação

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Coordenadora da Ong Oficinas Querô Empreendedorismo e Cidadania através do Cinema, que está completando cinco anos em 2010. Cursou Artes Plásticas na Unisanta, iniciando no ofício de produtora ao trabalhar em programas de TV. No cinema, começou com a produção de seu primeiro longa- metragem, Renata, sobre a trajetória da nadadora Renata Agondi. Querô, filme premiadíssimo, baseado no livro do escritor e dramaturgo santista Plínio Marcos, foi seu segundo filme e responsável pela criação das Oficinas Querô, prova concreta da necessidade de salvar jovens em situação de risco. Uma resposta à contribuição de Plínio Marcos, cuja obra sempre gritou por justiça social.



Como aconteceu o convite para o filme Querô?
Passei seis meses em São Paulo, mergulhada no meio cinematográfico, assistindo pré-estréias de filmes, freqüentando debates com pessoal da área e, com isso, fazendo muitas amizades. Uma dessas amizades foi com o Carlão (Carlos Cortez), diretor de cinema, que começava a produzir Querô. Ele me convidou para fazer a produção, em Santos, cidade onde se passa a história. Foi minha volta à cidade.


Produção do Querô
Foi a atividade em cinema mais incrível que fiz – mistura de emoção com muito trabalho. Passamos um ano inteiro buscando jovens para compor o elenco em  morros, periferias, bacia do Mercado, entre outros locais. Foram 1.200 testes para fecharmos com 40 jovens.


 Filmagem do Querô
Também foram momentos muito marcantes. A gravação da cena da rebelião, por exemplo, foi feita no interior da cadeia de Praia Grande com os presos dentro, e participando das cenas. Foi uma mistura real da ficção com a dura realidade.


 Criação das Oficinas Querô
Surgiu exatamente após o término das filmagens. Foi uma choradeira só, ninguém queria que acabasse aquele convívio tão intenso entre todos nós. Foi quando eu e o pessoal da Gullane Filmes, produtora do filme, resolvemos dar continuidade ao projeto das oficinas com os jovens.


Trabalho das Oficinas Querô
Fazer seus próprios filmes – é isso que as oficinas ensinam. Os meninos têm aulas com profissionais renomados do audiovisual brasileiro onde aprendem, durante um ano, desde a criação e elaboração de um roteiro até o lançamento para o público. Participam ainda de oficinas de informática, de expressão verbal, de gestão, de cidadania, além de passeios culturais.


Beneficiados até hoje
Nesses cinco anos já realizaram o curso cerca de 300 jovens, de 13 a 17 anos, com renda familiar de até dois salários mínimos. Eles ainda recebem uma cesta básica por mês, além da condução.


Resultados
Já foram produzidos cerca de 20 curtas-metragens (filmes de até 15 minutos), bem como mais de 30 curtinhas (de 1 min.), vários deles premiados. Entre esses alunos, alguns trabalham na área, enquanto outros atuam como freelancers. Temos casos também de jovens que seguiram outras carreiras e outros que criaram uma produtora social, a Querô Filmes. Ensinamos o caminho, acompanhamos e ajudamos a ingressar no mercado de trabalho.


Maxwell Nascimento
Depois de fazer o papel do Querô, ele ficou um ano e meio atuando na série Malhação, da TV Globo. Fez também outro longa-metragem, e agora está aguardando o resultado de um teste para um filme. Está na batalha, como tantos outros atores.


Próximos projetos das Oficinas Querô
O Cinescola Mercadão. Acertamos com a prefeitura a cessão de um galpão atrás do Mercado Municipal, onde hoje funciona a sede das Oficinas Querô, para a criação de uma escola de cinema. No térreo ficará a sala de cinema com 120 lugares, sempre a preços bem populares; no segundo andar teremos a administração das Oficinas Querô, e no terceiro, o ateliê de produção, com ilhas de edição e tudo mais necessário para a realização de um filme. Um sonho que, por meio de leis de incentivo, devemos concretizar em 2012.



Umas & Outras



era dos espetáculos
E das “celebridades” na mídia. Diariamente somos vítimas, querendo ou não, pela internet, em jornais impressos ou televisivos, a um festival de mau gosto. Essa semana o grande show está sendo a forma como estamos sendo bombardeados pela cobertura do caso da menina Isabella Nardoni.  Um assunto delicado e sério que vira um espetáculo mórbido repleto de cenas apelativas. Pena que não vemos esse mesmo bombardeio com  os U$13 milhões do filho do Sarney no exterior.


era dos espetáculos II
No caso das manchetes dos provedores de internet, nos deparamos com títulos do tipo: “Não faço amor diariamente, mas a média é alta”, dita pelo “importante” cantor de música sertaneja Luciano. Ao lado, outra pérola: “Geisy Arruda conta tudo sobre sua linha de vestidos”. Temos que resistir!



fazer  cultura  em..
Santos não é uma tarefa fácil – que o digam os produtores locais. Entretanto, uma cidade só se torna interessante se sua população tiver acesso às artes de forma geral, além, naturalmente, do direito à boa educação e saúde, obrigações do poder público. Uma cidade rica de talentos, da qual saíram nomes expoentes como Plínio Marcos, entre tantos outros, precisa acordar desse estado letárgico.



fazer cultura  em…II
Como levar cultura para a população, de forma acessível e sem apoios financeiros? Falo de produções de qualidade, que precisam chegar ao conhecimento do grande público. As empresas precisam entender que não podem valorizar somente as grandes produções, sob pena de perdermos a cultura local, assim como os talentos santistas que acabam conquistando seu espaço fora daqui, voltando anos depois à cidade natal para homenagens ou, ainda pior, sendo lembrados apenas em momentos póstumos.

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