Paradoxo do jaleco | Boqnews

Opiniões

12 DE MARÇO DE 2010

Paradoxo do jaleco

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Levantamento divulgado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo revela que a  concentração de médicos no Estado de São Paulo aumentou 33% na última década. Hoje, o índice é de 2,45 médicos por 1.000 habitantes (um médico para 410 paulistas).
São Paulo tem concentração de médicos próxima ao Reino Unido e ao Canadá e idêntica aos Estados Unidos. Isto em razão, conforme a entidade médica, da explosão do número de cursos de Medicina. Somente nesta década, já se formaram 32 mil novos profissionais e 78 cursos de Medicina adicionais foram abertos.
Apesar de tudo, faltam médicos. Entre os 645 municípios paulistas, 148 não têm um profissional residindo em seu território. Regiões menos desenvolvidas, mais pobres e zonas rurais têm maior dificuldade para atrai-los. Assim como ocorrem nas periferias de centros urbanos, em razão dos baixos salários, distância, dificuldade de locomoção e até a violência.O estudo mostra que residem em Santos 2.643 médicos, o que representa uma taxa de 158 habitantes por médico, cidade que mais concentra profissionais desta categoria no Estado.
Se for computada a região, a Baixada conta com 3.179 médicos (apenas 536 residem nas demais cidades da Baixada). Neste caso, a taxa de habitantes/médico cai para 425, sendo ultrapassada por São Paulo e as regiões de Ribeirão Preto e Campinas.
Porém, apesar de ostentar este título, a Secretaria de Saúde de Santos está com processo permanente de contratação de profissionais, em caráter emergencial, oferecendo 30 vagas. Ou seja, emprego há, mas faltam profissionais interessados nele.
A situação não difere dos municípios vizinhos. Guarujá, que vive uma epidemia de dengue, abriu vagas para contratação de 70 profissionais para atuação nos prontos-socorros, além de cardiologistas, dermatologistas, pediatras e oftalmologistas. Apenas três currículos foram enviados. São Vicente também vive cenário semelhante, com contratação imediata de profissionais em pediatria, clínica geral e psiquiatra.
Fica claro que a questão salarial representa o X deste paradoxo. Sem salários compatíveis com o mercado, dificilmente o Poder Público atrairá os profissionais.
Uma alternativa que deveria ser colocada em prática recairia sobre os formados em universidades públicas, em diversas áreas, que, durante determinado período, trabalhariam em unidades públicas de saúde recebendo os mesmos valores dos atuais profissionais.
Seria uma maneira deles devolverem à sociedade os investimentos que garantiram os estudos gratuitos do jovem médico durante os anos de estudo na universidade pública.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.