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Opiniões

26 DE SETEMBRO DE 2013

Partículas letais

Por: Fernando De Maria

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“A poluição atmosférica foi responsável pela morte de 2 milhões de pessoas no mundo em 2011, mais de 200% acima dos números de uma década antes (800 mil). Sem novas políticas, em 2050, a poluição do ar deve se tornar a principal causa ambiental de mortalidade prematura mundial.”
É desta forma que se inicia o resumo do estudo Avaliação do Impacto da Poluição Atmosférica no Estado de São Paulo sob a Visão da Saúde, elaborado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade. A informação torna-se ainda mais relevante pelo fato da Baixada Santista liderar este triste ranking como a região paulista que mais sofre os efeitos da poluição atmosférica. 
Cubatão é, de longe, a mais poluída no Estado e Santos ocupa a sexta colocação, especialmente em razão do porto e do fluxo constante de caminhões que emitem volume de gás carbônico sem fiscalização. As demais cidades  da região não foram avaliadas, pois não dispõem de equipamentos medidores da Cetesb, usados como referência no estudo. Certamente, em razão do porto, Guarujá também estaria nesta lista.
A pesquisa levantou os dados de 2006 a 2011 e identificou que a Baixada Santista, leia-se Santos e Cubatão, registra médias anuais de poluição de três a quatro vezes maior que o padrão sugerido pela Organização Mundial de Saúde, fato registrado pelos elevados índices apresentados em Cubatão (em 2011, a média chegou a 39,79, quatro vezes maior que o permitido). Na última sexta (28) pela manhã, o site da Cetesb informava que a qualidade do ar em todo o estado era favorável, com exceção de Cubatão – cujo cenário na Vila Parisi estava próximo ao item ruim em relação à qualidade do ar – e Santos, com efeitos prejudiciais à saúde. Ou seja, nada mudou.
O foco central do estudo foi analisar a quantidade de MP – Material Particulado 2,5  presente no ar, que são partículas finas constituídas por poeira, fumaça, material sólido e líquido suspensos na atmosfera e sua relação com a ocorrência de doenças relacionadas, como câncer de pulmão (tipo que  lidera o total de mortes entre os homens e o terceiro entre as mulheres), doenças respiratórias e cardiovasculares.
Conforme o levantamento, entre 2006 a 2011, 100 mil pessoas morreram em razão da poluição. Consequentemente, os gastos com internações são elevados. Apesar da região dispor de 4% da população do estado, os gastos com internações em saúde pública chegaram a 8,4% no total estadual, enquanto na saúde suplementar (planos privados) foram 5,8%, com média de 6,7% do total de gastos só com doenças decorrentes da poluição. Em 2011, Santos gastou R$ 1 milhão, enquanto Cubatão, R$ 611 mil.
Portanto, apesar dos avanços ambientais propalados pelas empresas que são as principais fontes poluidoras (polo industrial e porto), ainda há muito o que fazer para diminuir o impacto da poluição ambiental. Cabe ao Poder Público exigir da iniciativa privada mais investimentos em novos equipamentos que minimizem o cenário. Só investindo na prevenção, vidas serão salvas e recursos melhores empregados.

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