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Opiniões

25 DE SETEMBRO DE 2017

Passando o chapéu

Por: Fernando De Maria

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Em razão da profissão, sempre fui um assíduo leitor do Diário Oficial. E impresso. Gosto de ler, especialmente os editais. Ali é que se concentram as informações jornalísticas mais relevantes que ajudam na elaboração de pautas e reportagens.

Com base nele – agora digital, dificultando o acesso aos habituais leitores, em total desrespeito a eles – este jornal alertava há anos que as finanças do Municipio enfrentavam problemas de caixa e o déficit era crescente.

Bastava acompanhar os balancetes municipais. Mesmo assim, a Cidade manteve um ritmo aluciante de obras, por meio do ProVias, ProSaúde e outros Pros (e contras!).

A realização de tantas frentes simultâneas aliada ao desaquecimento previsto da economia do País, cujos impactos se refletiram em todas as esferas, foi a combinação perigosa para afetar os cofres públicos. A conta está sendo cobrada agora, contrariando a ‘ilha da fantasia’ difundida no horário eleitoral.

Afinal, são milhares de fornecedores que aguardam os pagamentos de serviços já realizados e empenhados pela Prefeitura. Casos de mais de um ano de espera, algo impensável para um Município com um dos maiores orçamentos do País. E não adianta culpar a crise apenas. Se a lição de casa tivesse sido feita antes, o cenário não seria tão complexo.

Conforme dados do Portal da Transparência, a dívida da Prefeitura com fornecedores passa de R$ 200 milhões desde o ano passado – com pagamentos a curto prazo, aliás.

Este montante refere-se apenas a prestadores de serviços, que já emitiram notas, pagaram impostos, inclusive municipais, e sequer viram a cor do dinheiro a ser ressarcido pelo serviço prestado. Ou seja, sem relação com as despesas contínuas, como pagamento de pessoal, Iprev e outras atividades.

A determinação de querer fazer em quatro anos quase tudo que os munícipes desejavam é louvável. Foram policlínicas, hospital, Museu Pelé, e centros culturais, que consolidaram uma reeleição garantida. Só que o cobertor é curto. Uma coisa é querer. Outra é poder.

A fatura está sendo cobrada agora. Logo nos primeiros meses do segundo mandato, a Administração enfrentou a maior greve da história da Prefeitura. Fornecedores batem à porta diariamente do Paço Munipal em busca dos seus ressarcimentos. Alguns, faliram.

Obras estão paralisadas. O Complexo Rebouças, por exemplo, é emblemático e vergonhoso. A pavimentação da Avenida Ana Costa foi feita apenas em um pequeno trecho, apesar de todo o barulho na mídia. A Ilha Criativa, inaugurada em dezembro de 2015, está abandonada. Moradores de rua se multiplicam.

O caso mais emblemático, que reforça como a Prefeitura anda com o pires na mão, passa, além da venda de dois terrenos da Prodesan, pela antecipação da devolução de recursos por parte da Câmara.
Ou seja, a Prefeitura quer antecipar uma verba que não lhe pertence, apesar de não ter feito a lição de casa. E os vereadores – salvo as honrosas exceções – aceitam esta subserviência.

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