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Opiniões

28 DE JUNHO DE 2022

Pecado favorito

Por: Da Redação

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O ser humano nasce com instintos e dons inatos, os quais podem se manifestar tardiamente ou nunca. Ele é como uma pedra bruta a ser lapidada. O problema está no entendimento e na qualidade da lapidação.

Lapidar pode ser apedrejar mortalmente ou facetar pedras preciosas o que, dependendo dos “artífices”, pode gerar uma joia maravilhosa ou destruir seu potencial. Nessa analogia, todo ser humano pode ser considerado uma pedra preciosa.

Isso revela a importância de familiares, professores e religiosos nessa “lapidação”. E quanto mais facetada a “joia”, maior será seu valor. No entanto, o excesso de lapidação pode gerar perdas irrecuperáveis.

Numa outra analogia, agora com árvores, a poda adequada tende a dar força a seu desenvolvimento, enquanto um “bonsai”, por mais bonito que seja, o tolhe.

Assim, quem atua na fase da infância e adolescência carrega uma enorme responsabilidade. É um poder imenso, que deve ser exercido com sensatez.

Esse processo lapidar pode gerar pessoas com brilho próprio ou seres opacos, escravos autômatos, cegos e inconsequentes de lideranças carismáticas ou megalomaníacas, por doutrinação, opção ou falta de opção.

Infelizmente, alguns desses “artífices”, por vaidade, malícia, estupidez ou medo de perderem sua proeminência e poder, espécie de “Herodes”, tendem a destruir esse potencial.

O que sobra aos que sobrevivem a esse processo destrutivo é o desafio de dar sentido à própria vida, numa autolapidação.

Nesse processo, brilham intensamente, mas sem ofuscar; enquanto outras lampejam sugando a energia de outrem, fantasiando a si mesmas, atribuindo-se missões, algumas divinas.

Também há as que acreditam serem paladinas de um ideal, que pode ser o da moda ou algo verdadeiramente importante, mas para o qual só têm discursos panfletários, midiáticos, “messiânicos” e, não raro, lucrativos.

Até aí, nada de mal. O problema é quando exigem reconhecimento e, até, endeusamento por seu “altruísmo”.

Em alguns casos, essa postura pode decorrer de problemas existenciais, manias ou traumas, potencializada quando associada a oportunismo ou vaidade. Ah, a vaidade!

No filme “O Advogado do Diabo” (EUA, 1997), a frase final do personagem de Al Pacino é: “A vaidade é, definitivamente, meu pecado favorito!”.

A vaidade é considerada um dos sete pecados capitais, também chamada soberba ou orgulho excessivo.

Pode não ser o “pecado favorito”, mas é, sem dúvida, aquele que mais tende a afetar o meio em que se vive, pois tende a estar intrinsecamente associado ao desejo de poder.

Associada a outras características do processo de lapidação, a vaidade leva pessoas a acreditarem ter algo a ensinar ao mundo!

Alguns casos podem ser patológicos, extremamente complexos. Mas sempre haverá alguém disposto a aceitar seu comando e dogmas de forma absoluta, afora os oportunistas de plantão, que também desejam um pouco da “tosa”.

Sim, eles precisam de um rebanho para “tosquiar”! Afinal, embora alguns tentem confinar seres humanos em estereótipos – espécie de currais ou linhas de montagem, até os condicionando a isso -, cada um é único.

Por isso, também desconfio de quem se autodenomina “formador de opinião” ou, usando o modismo atual, “influencer”.

O mesmo vale para alguns “doutores” que, com a presunção e certezas da estupidez graduada, vivem doutrinando e dizendo como deveria ser a vida dos outros, pregando ódio calcinante contra quem não se adequar a seus parâmetros.

É, a vaidade pode não ser o “pecado favorito”, mas tem muito a ver com fogueira.

Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro e pesquisador universitário, membro da Academia Santista de Letras.

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