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Opiniões

05 DE JANEIRO DE 2021

Péssimo exemplo

Por: Humberto Challoub

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Ao sancionar lei que estabeleceu o aumento de 46,6%, em média, dos salários do prefeito, do vice e de todos os secretários da capital paulista, o prefeito Bruno Covas e vereadores da principal cidade do País demonstraram total falta de sintonia com o atual momento político e econômico vivido pela sociedade brasileira, um péssimo exemplo de elevação dos gastos públicos em um cenário recessivo produzido pela pandemia.

A medida, aprovada no Câmara paulistana por 34 votos a favor, 17 contra e 1 abstenção, é mais um exemplo claro de desvirtuamento dos preceitos que deveriam guiar a atuação das casas legislativas, que ao invés de fiscalizar e servir como interlocutor dos interesses da população junto aos poderes executivos, se revelam subservientes e sempre prontas a atender iniciativas clientelistas.

Gerando muitos custos e pouquíssimos benefícios, as casas legislativas, nos âmbitos municipais, estaduais e Federal, têm dado péssimos exemplos à Nação, com a criação de inúmeros cargos desnecessários, a manutenção de benesses e a prática corriqueira de atos de improbidade administrativa. Diante dos reflexos gerados pelo momento de crise sanitária e financeira, que tem resultado em grande número de demissões em empresas da iniciativa privada e na redução significativa das receitas tributárias provenientes das atividades produtivas, a proposta de aumento salarial no montante autorizado representa uma afronta à população e, por isso, merece ser repudiada.

Não há como aceitar dos legisladores a repetição cotidiana de práticas oportunistas, que servem tão-somente para macular e ampliar ainda mais o descrédito em relação à classe política. O custeio das instituições que alicerçam o estado político brasileiro já é por demais oneroso diante das imensas necessidades da população, especialmente dos milhões de brasileiros ainda relegados à pobreza extrema.

Apesar do reconhecimento de que o regime democrático traz benefícios para a sociedade, é necessário também admitir a necessidade urgente de aprimorar o modelo adotado até aqui, para a supressão das muitas imperfeições nele identificadas, sobretudo no tocante aos critérios de representatividade dos colégios eleitorais e os custos decorrentes para a sua manutenção.

Nesse contexto, a participação do eleitor no processo de escolha e fiscalização do trabalho desenvolvido pelas instituições públicas reveste-se de extrema importância, porque representa ainda uma das poucas medidas capazes de impedir a continuidade de atos lesivos ao erário.

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