Tanto riso, tanta alegria, mais de mil palhaços no salão…
Para muitos com menos de 50 anos, talvez esse trecho de música não signifique nada. Mas, para a maioria dos maduros, traz uma recordação agradável, às vezes melancólica, de tempos em que diversão e ultrapassar limites tinham, além de alguns excessos, como lança perfume, tomar café de manhã na padaria e alguns desarranjos alcoólicos, um frisson,uma emoção de viver o novo. E isso era o suficiente para deixar recordações e esperanças de novos momentos bons.
De modo algum, quero fazer o discurso saudosista, mas que as pessoas mudaram e a anestesia emocional precisa de altas doses de energéticos para acordá-la.
Temos ganhos a transgressão de modelos mofados mas, por outro lado, temos perdas, pelos excessos que põem em risco vidas e muitos sonhos. Parece que, quanto mais a expressão qualidade de vida é dita, mais se banaliza.
Em meio ao reinante caos de nossos tempos, mal percebemos o quanto depende de nós fazer com que haja sempre qualidade em nossa existência em todos os aspectos e momentos da nossa vida e não apenas em dias marcados, como costuma ocorrer no Carnaval.
É reconhecida a necessidade que o mundo hodierno traz de momentos menos tensos e mais liberdade pois os espíritos estão fatigados por tudo que há de constrangedor no trabalho e na vida cotidiana. Portanto, aproveitemos a oportunidade para refazer e fortificar essa conexão com a vida e a liberdade.
O amplo risco do Carnaval até pouco tempo atrás eram nascimentos aumentados no nono mês pós-festa. Mas hoje esse é o menor risco, pois além daqueles causados pela contaminação de doenças sexualmente transmissíveis quero enfatizar a ressaca das experiências sem sentido, que deixam profundas marcas no plano emocional.
Lembram do trecho da música do início desse artigo? Muito cuidado ao cantarem, em seu lugar, “extravasa, libera e joga tudo para o ar…”