Um dos aspectos mais admiráveis da vida, da vida em movimento, é quando percebemos que estamos aproveitando-a e não apenas passando por ela. A possibilidade que temos de transformar tudo, criar, refletir e chegar às nossas próprias conclusões, não para definirmos nada, mas para darmos uma nova leitura, ou mesmo uma percepção de algo que estava fugindo de nossos quadros mentais, muitas vezes situações banais servem de material para refletirmos sobre os mais variados aspectos de nossa vida.
Outro dia, eu estava passeando à beira-mar, numa manhã de sol, vantagem essa para quem mora nessa linda Santos que nos permite caminhar na praia e depois de um banho ir trabalhar sem perder nenhuma hora produtiva. Mas não morram de inveja, pois quem não tem praia com certeza tem um campo lindo, uma rua arborizada, a beira de um lago, ou mesmo um caminho com apenas sombra e canto de pássaro.
Pois, bem! Nesse passeio ouvi o rápido bate-papo de dois mendigos que conversavam sobre o que fariam no verão que se inicia, onde cada qual iria fazer seu ponto de esmolar. E não pensavam pequeno não, um dizia que iria até uma cidade do litoral sul e o outro enfatizava que Ilhabela no litoral norte seria mais movimentada, pois recebia turistas de maior poder aquisitivo, e assim se desenrolava a conversa entre eles.
Comentários e reflexões acerca da esmola deixemos para outro dia. Q que me surpreendeu e me fez pensar era no planejamento nas estratégias que cada um defendia como sendo o melhor caminho para a finalidade que buscavam. Então eu pergunto: o que planejamos para nós em nossa vida e fazemos questão de cumprir?
O gordo é gordo porque a disfunção da tireóide o faz assim, ou porque a profunda tristeza que o acometeu um dia deixou esse saldo de excesso de peso ou mesmo depois da gravidez, em se falando de mulheres… São esses os motivos mais usados para justificar algo que não conseguem mudar. Planejamento é o caminho!
Quando se quer de verdade algo se consegue. Desde que se planeje para chegar lá, atenuando as variantes, pedindo ajuda de amigos ou até profissionais. Entrando em contato com próprias dificuldades, na sexualidade inclusive, esse importante aspecto de nosso desenvolvimento, manifestação instintiva e natural, visando uma relação prazerosa e intensa com a vida deve dar espaço para o planejamento.
Ainda é uma situação comum ouvir queixas sobre a rotina que emperra, tira o brilho, e porque não dizer o tesão, na maioria dos relacionamentos. Mudar, criar, buscar conhecimentos, situações e atualizar as relações é um caminho fácil de fazer, mas há que se ter planejamento. É muito fácil, mas muito mesmo, em nossa cultura, justificar perdas e dores, pois ainda damos um valor enorme para a vitimização. É muito mais confortável dizer sofro porque perdi do que dizer gozo porque ganhei.
Esses são apenas dois exemplos de situações que trago para refletir sobre o planejamento de nossa vida, já que o objetivo final está claro para nós, que é a busca da felicidade, porque não atuamos na nossa vida assim como os empresários ou mesmo os mendigos o fazem para alcançar seus objetivos: ter lucro. Vamos nos planejar.
Para que isso ocorra temos que ter claro onde queremos chegar e içar as velas, pois sem destino não adianta içá-las, se o fizermos estaremos à deriva, ou indo onde o vento no leva e será que é esse o lugar para onde queremos ir? Qual o jeito que quero viver minha sexualidade? É esse o corpo que quero para mim?
Sermos protagonista de nossa própria história está quase totalmente impedido, pela força de circunstâncias alheias à nossa vontade e por conta do enorme papel que os modismos, que vêm ditar regras de fora para dentro, estão influindo em nossas escolhas.
Antes as ordens sociais eram pautadas principalmente pela família e a religião e reclamamos muito da falta de liberdade. Hoje, sem dúvida, vivemos sob o jugo de regras, construídas em nome de seguir o fluxo do grupo sem perceber se esse é o caminho da própria alegria e felicidade. E nós ainda falamos que vivemos numa época de liberdade total…