O município de São Paulo foi o primeiro a criar e a implementar uma Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas.
E o PLANCLIMA, ambicioso plano de ação climática para o período 2020 a 2050, adotou cinco estratégias, das quais a quarta é “Mata Atlântica, precisamos de você!”.
Só que esse bioma, no qual vivem 72% da população e é responsável por 80% do PIB nacional, continua a ser intensamente devastado.
Somente em uma década, entre 2010 e 2020, perdeu mais de 186 mil hectares de florestas maduras. Crime contra a humanidade, pois é o espaço que abriga o maior estoque de árvores que sequestram carbono e biodiversidade.
País pródigo em normatizar com excelência, haja vista a dicção do artigo 225 da Constituição da República, cuidou de proteger legalmente esse bioma.
A Lei da Mata Atlântica existe desde 2006, mas é insuficiente para impedir a orquestrada ação dos dendroclastas.
Pastagens, culturas temporárias, edificação de condomínios, tudo isso justifica a destruição de um patrimônio que ainda não foi inteiramente descoberto.
Menos floresta significa não só menor proteção das encostas, redução no fornecimento de água, maior suscetibilidade a eventos extremos, senão a proliferação de fatores que comprometem a saúde e apressam a partida dos humanos para o mistério da morte.
Se a população não vier a se converter em verdadeira guardiã da floresta, o extermínio do futuro continuará.
É mais do que urgente ampliar incentivos econômicos aos proprietários ainda inconscientes, para que preservem ou restaurem suas áreas desmatadas.
A política do replantio precisa ser uma política estatal perseguida por todos: população, município, Estado e União.
Empresariado e Academia. Mídia e Igreja. Partidos Políticos e Sindicatos.
A questão é de sobrevivência da humanidade e não questão meramente ambiental. Somos parte da natureza.
Se não a conservarmos, nos matamos. Não adianta pregar “Mata Atlântica: preciso de você!” e continuar a assassiná-la de forma cruel, insana e insensata.
José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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