“Precisamos de você”, mas matamos você! | Boqnews

Opiniões

08 DE MAIO DE 2025

“Precisamos de você”, mas matamos você!

José Renato Nalini 

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

O município de São Paulo foi o primeiro a criar e a implementar uma Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas.

E o PLANCLIMA, ambicioso plano de ação climática para o período 2020 a 2050, adotou cinco estratégias, das quais a quarta é “Mata Atlântica, precisamos de você!”.

Só que esse bioma, no qual vivem 72% da população e é responsável por 80% do PIB nacional, continua a ser intensamente devastado.

Somente em uma década, entre 2010 e 2020, perdeu mais de 186 mil hectares de florestas maduras. Crime contra a humanidade, pois é o espaço que abriga o maior estoque de árvores que sequestram carbono e biodiversidade.

País pródigo em normatizar com excelência, haja vista a dicção do artigo 225 da Constituição da República, cuidou de proteger legalmente esse bioma.

A Lei da Mata Atlântica existe desde 2006, mas é insuficiente para impedir a orquestrada ação dos dendroclastas.

Pastagens, culturas temporárias, edificação de condomínios, tudo isso justifica a destruição de um patrimônio que ainda não foi inteiramente descoberto.

Menos floresta significa não só menor proteção das encostas, redução no fornecimento de água, maior suscetibilidade a eventos extremos, senão a proliferação de fatores que comprometem a saúde e apressam a partida dos humanos para o mistério da morte.

Se a população não vier a se converter em verdadeira guardiã da floresta, o extermínio do futuro continuará.

É mais do que urgente ampliar incentivos econômicos aos proprietários ainda inconscientes, para que preservem ou restaurem suas áreas desmatadas.

A política do replantio precisa ser uma política estatal perseguida por todos: população, município, Estado e União.

Empresariado e Academia. Mídia e Igreja. Partidos Políticos e Sindicatos.

A questão é de sobrevivência da humanidade e não questão meramente ambiental. Somos parte da natureza.

Se não a conservarmos, nos matamos. Não adianta pregar “Mata Atlântica: preciso de você!” e continuar a assassiná-la de forma cruel, insana e insensata.

 

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.