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Opiniões

13 DE MAIO DE 2017

Prioridade nacional

Por: Fernando De Maria

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Ao menos 50 milhões de brasileiros com mais de 16 anos – cerca de 1/4 da população – conhece alguém que foi vítima de homicídio ou latrocínio. E 40% dos homens sabem de alguém que foi assassinado. O perfil das vítimas não surpreende: 38% dos negros tiveram amigos ou parentes assassinados, enquanto que entre os brancos o índice é de 27%.

A realidade dos números, que fazem parte de uma pesquisa elaborada em abril pelo instituto Datafolha a pedido da ONG Instito de Vida e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, tem impacto ainda maior: 94% dos brasileiros acreditam que o nível de homicídios no Brasil é elevado.

Outro indicador preocupante: a participação da polícia como indutora da violência em diversas ocasiões. Pelo menos 12% da população tem algum parente ou conhecido que foi assassinado por policiais ou guardas municipais.

Isso representa entre 15,9 milhões a 20,2 milhões de brasileiros que perderam alguém em confronto com agentes do Estado. Os jovens são as maiores vítimas. E o perfil é semelhante: homem, negro e pobre. Fruto das discrepâncias sociais construídas ao longo dos séculos e nunca reparadas neste País.

Estes números tomam com base cerca de 2 mil entrevistas feitas em 150 municípios de todos os estados. A preocupação sobre o assunto não se limita à geografia das cidades. É endêmica.

Pelo menos 60 mil pessoas são assassinadas no Brasil, um dos países mais violentos do mundo, com índices comparados a nações em guerra, como a Síria, por exemplo.

Este cenário decorre da falta de políticas públicas sérias e articuladas para o enfrentamento da violência, onde o cidadão sai de casa sem saber se retornará vivo.

Além disso, não existe um enfrentamento sério nas questões de combate às drogas, porta de entrada de praticamente todos os atos de violência (como o confronto com traficantes e até usuários). O fingimento e o desinteresse em relação à situação fortalece o poder paralelo, hoje presente em todas as classes sociais, abrindo espaço para o crescimento da violência de forma contínua e exportando modelos. Vide o Paraguai.

Este cenário afeta não só os cidadãos, especialmente os que residem na periferia, vítimas da violência que a vida diária prega com a ausência de políticas públicas básicas, como o direito à habitação, por exemplo, mas setores da economia importantes, como o turismo. Países como a Colômbia, que sofreram as consequências da violência com as Farc, começam a dar a volta por cima. É possível, portanto.

Enfrentar esta realidade é uma das prioridades do País. Para tanto, há a necessidade de envolvimento com o setor Judiciário, pois a morosidade legal contribui para a impunidade e, é claro, a violência. Se nada for feito, os números serão piores na próxima pesquisa. Uma tragédia.

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