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06 DE AGOSTO DE 2016

Qual legado teremos?

Por: Fernando De Maria

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Até o dia 21 de agosto, o mundo estará de olho no Brasil para acompanhar o maior evento esportivo do mundo, que reunirá neste período milhares de atletas, equipes técnicas, jornalistas, voluntários e profissionais das mais variadas áreas para mostrar que um país latino-americano também é capaz de organizar um evento desta magnitude. Em setembro, será a vez dos atletas paraolímpicos, eternos exemplos de superação.

O País pouco terá a oferecer pós-Olimpíadas de estímulo à cultura esportiva, não só de alto rendimento, mas, em especial, de inclusão social

Desde quando o País foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos, em outubro de 2009 até os dias atuais, muita coisa mudou tanto na política como na economia. Naquela ocasião, o cenário era favorável, com o fim do governo Lula, com elevado índice de aprovação na época, a ponto de reeleger Dilma Rousseff como sua sucessora.

A economia do País apresentava sinais positivos que contribuíram para este cenário, que revelou-se, posteriormente, um engodo eleitoral. Como reflexo, os escândalos do Petrolão que ganharam as páginas do noticiário a ponto da atual presidente, reeleita, aguardar apenas a hora final para ver seu impeachment ser sacramentado pelo Senado em setembro. Algo de difícil retorno.

Diante deste cenário, vivemos uma disparidade. Vamos nos apresentar para o mundo, com uma dimensão ainda maior que a Copa de 2014, tendo o Rio de Janeiro como nosso cartão de visita, diante de um cenário econômico em declínio, com mais de 12 milhões de brasileiros de desempregados, violência crescente comparável aos países em estado de guerra, como a Síria, e com uma instabilidade e uma estrutura política fétida.

Na realidade, o Brasil não soube fazer a lição de casa para se aproveitar do fato de sediar um evento deste porte e deixar um real legado para a população, algo muito semelhante à Copa que, com exceção de algumas obras pontuais de mobilidade urbana – várias delas, sabe-se hoje, com valores superfaturados -, o principal resultado foram os estádios, alguns verdadeiros elefantes brancos, como se vê hoje no Amazonas e Mato Grosso.

Afinal, o esporte é a porta de entrada para a melhoria social – assim como a educação e cultura – transformando menores em cidadãos e tirando-os do elevado risco de vulnerabilidade social.

Certamente, algumas histórias de atletas anônimos que ganharão o pódio – ou não, mas já são considerados heróis apenas pelo fato de estarem no Rio representando o País – refletem, na maioria das vezes, que a conquista só foi possível graças ao esforço abnegado do atleta, de seus familiares ou pessoas que apostam no esporte como uma saída para o desenvolvimento pessoal.

Infelizmente, são atitudes isoladas, pois mesmo diante de um evento desta magnitude, o País pouco terá a oferecer pós-Olimpíadas de estímulo para a criação de uma cultura esportiva, não só de alto rendimento, mas principalmente de inclusão social, uma saída eficaz para enfrentar a violência que impera no País. Na prática, o Brasil deixou a bola passar por baixo de suas pernas. Uma pena.

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