Quando a impunidade vence | Boqnews

Opiniões

15 DE ABRIL DE 2011

Quando a impunidade vence

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Um carro preto furtado circulando pelas ruas. No interior, assassinos. Pedestres anônimos viram alvo, presa fácil de atiradores, que deixam um rastro de sangue nas calçadas. Ataques ocorrem em bairros distintos da Cidade, todos de classe média-alta, junto à orla. As cenas caberiam em qualquer filme de terror.


Mas, infelizmente, são reais e ocorreram em Santos e São Vicente na última semana. Dias antes, três pessoas foram assassinadas e outras três feridas em Praia Grande, além de três policiais terem sido executados desde o início do ano na região. Há algo bem podre no ar do que apenas os corpos das vítimas.


Está claro que – apesar das polícias civil e militar negarem – existe uma rede de poder paralelo extremamente forte que atua nas periferias das cidades da região e que só chegam à tona quando tais episódios migram para os trechos nobres. O Governo do Estado anuncia reforço policial. Sinal que uma guerra silenciosa vem ganhando espaço no submundo do crime a ponto das autoridades perceberem finalmente que a região é carente em número de policiais.


Caso clássico de impunidade foi a execução simultânea de 493 pessoas no estado de São Paulo, em 2006, quando o episódio foi marcado como os Crimes de Maio, em razão do embate entre o Governo do Estado e o PCC – Primeiro Comando da Capital. Até hoje, mães rogam por justiça.
Unidas, divulgam suas ideias e mantém um espaço na internet (maesdemaio.blogspot.com) para mostrar novos atos de violência, onde a impunidade, um dos maiores cancros deste País, impera.  A Capital e a Grande São Paulo, além da Baixada Santista, foram as regiões que concentraram o maior volume de assassinatos, praticamente todos sem que os culpados fossem julgados. Até o Ministério Público local, por exemplo, chegou a pedir o arquivamento por falta de provas.


Com a mobilização popular e divulgação por parte da Imprensa, em especial do jornalista Renato Santana, vencedor do prêmio Vladimir Herzog em razão das denúncias publicadas, o Ministério Público assinalou que poderia reabrir os inquéritos de 13 assassinatos ocorridos na ocasião. Não se sabe, porém, se isso realmente ocorreu até o momento.


No ano passado, uma nova onda de violência atingiu a região. Em abril, 23 pessoas foram assassinadas e 12 baleadas pelas cidades da região, todos de forma semelhante ao episódio ocorrido na última passada, ou seja, as pessoas eram assassinadas ou baleadas andando pelas ruas. Na ocasião, até o Consulado Americano recomendou que os turistas estadunidenses não viajassem para a Baixada Santista. Vexame internacional.


Como a impunidade impera, ninguém foi preso. Sabe-se apenas que os crimes teriam sido praticados por policiais que fariam parte de um grupo denominado como Ninjas. O tempo passou, os crimes caíram no esquecimento e só voltaram à tona agora. Quantos novos meses teremos para que tais atos hediondos continuem sem que nada seja feito pelas autoridades públicas para mudar esta situação?

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.