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Opiniões

10 DE JUNHO DE 2011

Quando todos perdem

Por: Fernando De Maria

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As drogas venceram a sociedade. Desde 2003, seu domínio foi concretizado e passou a ocupar a liderança entre setores que mais movimentam recursos em todo o mundo, ultrapassando a indústria bélica e a do petróleo. Uma guerra desigual que vitima cada vez pessoas, especialmente os jovens que conhecem, por lazer, rejeição ou desilusão, um mundo irreal e nebuloso.


Pesquisa da Organização das Nações Unidas mostra que Brasil, China, Estados Unidos e Rússia estão entre os quatro países com o maior número de usuários de drogas injetáveis no mundo, totalizando entre 11 a 21 milhões de pessoas. O País tem 890 mil usuários de cocaína, segundo o levantamento. Números que atestam a falência social. Não que as drogas sejam algo novo, pelo contrário. Mas seu crescimento e fortalecimento progressivo mostram um caminho sem volta, infelizmente.


Com 32 anos de experiência no assunto, o psicólogo e presidente do Comad – Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Tabaco, Álcool e Outras Drogas, Eustázio Alves Pereira Filho, reconhece o agravamento da situação. Mas não deixa de observar um aspecto real: as drogas lícitas, como o tabaco e o álcool, são a porta de entrada para as ilícitas. É tudo uma questão de tempo e oportunidade.


No primeiro item, a guerra ao cigarro tem mostrado bons resultados. Há uma década, 35% dos brasileiros fumavam. Hoje, segundo estudo da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, são 15%. No álcool, embutido nas propagandas de cervejas que patrocinam os jogos de futebol, por exemplo, os números impressionam. Cerca de 7 em cada dez brasileiros consomem, de forma social ou não, álcool. E um em cada dez é considerado alcoólatra. A iniciação ao vício costuma ocorrer, em média, aos 12,5 anos e ao tabaco, aos 12,8. Ao crack, 13,8 anos, e à cocaína, a 14,4 anos. Do total de vítimas fatais relacionadas às drogas, 90% deve-se ao consumo de bebidas alcoólicas.


A guerra, no entanto, não se limita aos avanços dos traficantes, mas ao pouco zelo que os governos e a sociedade em si tratam a questão. Na hora de atendimento, seja ambulatorial ou de internação (fechada, como no hospital; aberta, em comunidades terapêuticas; ou semi-aberta, com respaldo judicial), o volume de leitos e vagas  públicas disponíveis é ínfimo comparando-se ao total de usuários. Pais desesperados com a situação e sem condições financeiras de internar seus filhos perdem definitivamente a luta para as drogas. Um efeito nefasto na sociedade.


A região, por exemplo, tem quantidade reduzida de vagas em comunidades terapêuticas. Na rede hospitalar pública regional, não existem vagas para atendimento a casos do gênero. Em Santos, o Comad espera há anos a entrega da segunda unidade do Senat para atendimento da população da Zona Noroeste e Morros. Apenas exemplos para mostrar o porquê a indústria da droga se fortalece cada vez mais.

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