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Opiniões

20 DE FEVEREIRO DE 2016

Quem não deve não teme

Por: Humberto Challoub

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A suspensão dos depoimentos do ex-presidente Lula e sua esposa Marisa Letícia, por uma decisão do Conselho Nacional do Ministério Público, em atendimento a uma representação do deputado federal Paulo Teixeira (PT), significou, mesmo que respaldada em princípios jurídicos, um ato de covardia e uma clara intenção de postergar os esclarecimentos devidos diante da suspeita lançada pelo MP de que houve tentativa de ocultar a identidade do dono do apartamento triplex no Guarujá, que seria do ex-presidente, caracterizando crime de lavagem de dinheiro. Na representação, o deputado acusou a promotoria de ter feito um prejulgamento de sua decisão, ao tornar público por meio da imprensa detalhes do caso, antes de ouvir os depoimentos.

Ao invés de prestar os esclarecimentos solicitados, fazendo o devido uso de sua presumida inocência, o ex-presidente Lula e seus pares perderam a oportunidade de esclarecer os pontos obscuros que envolvem a investigação do MP. Ao contrário, optaram pela estratégia de ressuscitar o velho jargão maniqueísta da doutrina petista, colocando-se como vítimas de “perseguição política”, a partir da alegação de que se trata de um processo sistemático desencadeado pelos meios de comunicação para depreciar a imagem de Lula a de seu partido.

Não há como negar que jornalistas cometam erros, ajam com má fé e que donos de veículos de comunicação atuem com propósitos outros, ou se coloquem a serviço de interesses particulares e de partidos políticos. Porém, à sociedade cabe a fiscalização e o julgamento ético, especialmente em um estado plural e democrático como o brasileiro. Era de se esperar, portanto, que passados mais de uma década no exercício do poder, que o ex-presidente Lula e o PT estivessem acostumados às críticas habituais realizadas pela mídia, pois esse é um dos papéis que cabe à imprensa cumprir dentro do estado democrático. No entanto, não é o que se vê neste episódio envolvendo denúncias do MP.

Nunca é demais lembrar que tantos outros políticos tiveram o mesmo dissabor e foram obrigados a entender que o cargo que exerciam delega direitos incontestáveis, mas impõe deveres institucionais que incluem a obrigação de dar total transparência e a devida publicidade aos atos praticados durante a permanência na função. A imprensa livre é uma conquista e um fator preponderante para a manutenção das liberdades individuais, por isso deve ser aceita com suas contrariedades e suas possíveis imperfeições. Basta apenas a Lula dar as explicações devidas e aproveitar os holofotes para dirimir as suspeitas lançadas pelo MP, afinal quem não deve não há de temer cobranças ou acusações levianas, se esse é o caso.

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