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21 DE SETEMBRO DE 2022

Rádio: ontem, hoje e sempre

Por: Da Redação

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Numa das cenas mais marcantes do filme “A Era do Rádio” (EUA, 1987), ambientado nos anos de 1940, o rádio toca uma música de Carmem Miranda e uma adolescente a imita e dubla.

Seu pai e outros parentes, quando a veem, sorriem e, quando entra o coro do “Bando da Lua”, passam a dublá-lo, também.

Naqueles tempos o cinema tinha hora e lugar, mas o rádio era onipresente.

Sua influência e credibilidade eram tão grandes que Orson Welles, sem querer, criou um dos maiores pânicos da história da mídia, quando seu “Teatro Mercúrio” representou “A Guerra dos Mundos”, de H. G. Wells, em 1938.

Gosto ver filmes antigos e eles são pródigos em imagens de pessoas em torno de rádios, ouvindo música, novelas, programas de auditório e noticiários.

Devia ser incrível ouvir shows ao vivo com astros como: Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Benny Goodman, Harry James, Duke Ellington e tantos outros monstros sagrados. Devia ser perturbador ouvir os pronunciamentos de Hitler, e um misto de amor e ódio escutar a “Rosa de Tóquio”.

E foi assim, desde que a invenção de Marconi ganhou os ares, dando início à “Era do Rádio”. A primazia seria do brasileiro Padre Landell de Moura, mas, mal entendido, aqui, sua patente precisou ser feita nos EUA, depois do italiano.

No Brasil, Roquete Pinto fundou a primeira emissora nacional: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A partir daí, o rádio tornou-se companheiro de todas as horas.

Meus avós e pais conheceram os grandes momentos da Rádio Nacional; tremeram com a declaração de guerra ao “Eixo”; comemoraram o término do conflito; torceram pelos “Reis” e “Rainhas do Rádio”; choraram em 1950; festejaram 1958; abriram o berreiro com as radionovelas mexicanas.

Eu mesmo cresci ouvindo rádio nos anos de 1960 e 70, quando as emissoras tocavam músicas em vários idiomas: inglês, francês, italiano e espanhol.

Eu ouvia Aznavour, Brel, Bécaud, Morandi, Capri, Pavone, Beatles, Rolling Stones, Lopez, Montez… Isso ajudou muito no aprendizado de idiomas!

Já adolescente, ganhei um rádio portátil de minha avó materna e conquistei minha autonomia midiática.

As transmissões de jogos eram sagradas, mas o jornalismo não ficava atrás.

Eu começava às dez da noite, com o “Jornal de 30 minutos” da Rádio Eldorado, e terminava no início da madrugada, com o noticiário da Rádio Jornal do Brasil.

Eu era o adolescente mais bem informado da escola, ou seja, uma aberração.

Na França, onde fiz um pós-graduação, o rádio era meu elo com o Brasil.

Hoje, é possível fazer tudo isso com TV a cabo e internet, mas, mesmo assim, o rádio permanece como meio de comunicação ágil, com ênfase em jornalismo e prestação de serviços.

É certo que também existem emissoras com programações repetitivas, alienantes e de qualidade duvidosa, que têm seu público cativo quase literalmente. Mas, também não faltam aquelas que primam pela boa qualidade 24 horas por dia.

Assim, o rádio permanece com sua mágica, como se bebesse todos os dias da fonte da juventude, pois nem ele nem os que falam por ele envelhecem aos “olhos” do ouvinte!

Por tudo isso, a era do rádio não terminou e nem vai terminar: só vai mudar de “faixa” sempre que for preciso, para não perder sua sintonia com a história!

Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro e pesquisador universitário e membro da Academia Santista de Letras

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