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17 DE SETEMBRO DE 2022

Realidade inaceitável

Por: Humberto Challoub

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Estudo denominado 2º Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (Vigisan), da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan), divulgado esta semana deu números a uma realidade conhecida e extremamente preocupante: três em cada 10 famílias no Brasil são afetadas pela fome, com mais de 33,1 milhões de pessoas relatando não ter o que comer.

Constatou-se que 15,5% da população brasileira enfrenta insegurança alimentar grave, com privação no consumo de alimentos; 15,2% vivem insegurança alimentar moderada, sem a quantidade suficiente de alimentos; enquanto que outros 28% vivem a incerteza quanto ao acesso à comida em um futuro próximo.

As regiões Norte e Nordeste abrigam o maior número de famílias nessa situação, sendo Alagoas e Amapá os estados em que os casos de insegurança alimentar grave são mais frequentes alcançando, respectivamente, 36,7% e 32% das famílias pesquisadas.

O levantamento ressalta que as medidas tomadas pelas autoridades públicas para contenção da fome têm sido insuficientes diante de um cenário de alta da inflação, sobretudo dos alimentos, do desemprego e da queda de renda da população, com maior intensidade nos segmentos mais vulneráveis.

Mesmo que reconhecendo o valor do trabalho solidário desenvolvido por inúmeras entidades da sociedade civil no intuito de mitigar a fome, por meio de campanhas e distribuição gratuita de alimentos, é preciso buscar a diminuição da desigualdade distributiva da riqueza produzida no País, permitindo assim a solução de problemas crônicos que atualmente afetam famílias brasileiras vitimadas pelas diferenças sociais.

O poder de mobilização e o espírito altruísta presente nas ações de combate à fome prova a capacidade transformadora inerente à sociedade brasileira.

Torna-se urgente exigir dos governantes a adoção de políticas duradoras para a construção de novos paradigmas de desenvolvimento social, excluindo definitivamente a reprodução dos modelos configurados até aqui, originados nas oligarquias instituídas ainda na época colonial.

Mais do que benevolência, equilibrar a distribuição da renda interna, que assegure condições mínimas de subsistência aos brasileiros, deve ser entendida como um grande potencial de oportunidades para ampliação da capacidade produtiva nacional para as próximas décadas.

Não é possível aceitar passivamente a existência da fome em um País que hoje lidera a produção de alimentos do mundo e que deseja se tornar próspero e justo com seus cidadãos.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

 

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