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Opiniões

20 DE JUNHO DE 2013

“Rebelde” com causa

Por: Fernando De Maria

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“Não vai dar, assim não vai dar.
Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar
Não vai dar, assim não vai dar
Pra eu amadurecer sem ter com quem me rebelar.”
O refrão da música Rebelde sem Causa integra a segunda faixa  do disco de estreia da banda Ultraje a Rigor, denominado Nós Vamos Invadir Sua Praia, lançado em 1985. Na época, o Brasil acordava do longo período da ditadura militar e a música era um alerta ao protecionismo de pais que garantiam benesses aos filhos que, em razão das facilidades obtidas, não tinham motivos para se rebelar.
Quase 30 anos se passaram e muita coisa mudou. Novas gerações surgiram, alavancadas pelos avanços tecnológicos. O disco foi substituído pelo MP4 e outras siglas, e o universo virou digital. As redes sociais viraram espelhos da sociedade e se transformaram em novos canais de comunicação previstos apenas nos pensamentos de teóricos. Tudo mudou.
Por isso, vale o trocadilho do título deste artigo. Só que agora os rebeldes têm várias causas para lutar. E são novamente – sempre eles – os jovens. O mote da tarifa do transporte público é apenas uma das bandeiras deste grupo. No entanto, as questões são mais amplas e passam pelos desmandos a qual, infelizmente, estamos acostumados, como o  desperdício de dinheiro público, educação e saúde de péssima qualidade, impostos abusivos, superfaturamento de obras, corrupção, demora da Justiça, insegurança e impunidade, temas que ganham cada vez mais espaço nos noticiários.
A grande mídia, aliás, arredia aos primeiros movimentos sociais, teve que reconhecer  o poder que vem das ruas e alterou  sua posição, fazendo uma espécie de mea culpa da abordagem feita antes. Passaram a ter uma visão diferenciada em razão da violência policial registrada pelas câmeras de TV.
O mesmo ocorre com os políticos, que rechaçaram com violência policial as vozes que vinham das ruas no primeiro momento, mas diante do aumento das manifestações tiveram que recuar e admitir, dias depois, a redução da tarifa, alvo inicial dos protestos, como ocorreu com o governador Geraldo Alckmin e os prefeitos de São Paulo, Fernando Haddad, e do Rio, Sérgio Cabral, todos contrariados.
Alguns aspectos precisam ser destacados. Primeiro, vivemos uma nova era com a mobilização coletiva por meio das redes sociais, algo já existente em outros países, e que chega ao Brasil  de forma impactante. Por outro lado, espanta o silêncio dos políticos em relação ao assunto, abismados com esta onda “rebelde”, que se espalha com efeitos imprevisíveis.
A tentativa de chegar ao Palácio do Planalto foi emblemática. Infelizmente, marginais e vândalos tentam se beneficiar da concentração popular, provocando uma onda de terror. Na região, São Vicente e Cubatão foram as mais atingidas. Em Santos, mesmo em menor grau, também ocorreram abusos.
A dúvida que fica é: quais serão os próximos rumos destas manifestações, justas, porém que não podem descambar para a violência e depredações, que não condizem com os anseios dos que defendem a democracia e lutam pelos direitos coletivos.

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