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Opiniões

14 DE ABRIL DE 2021

Recuperar a imagem externa

Por: Humberto Challoub

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Entre as mudanças ministeriais promovidas pelo presidente Bolsonaro, a escolha de Carlos Alberto Franco França para o Ministério das Relações Exteriores, em substituição a Ernesto Araújo, representa o reconhecimento dos equívocos cometidos até aqui pelo atual Governo e, sobretudo, um gesto importante visando a recuperação da imagem brasileira no cenário internacional. A postura radical e uniteralista adotada pelo antigo chanceler, especialmente no alinhamento à política desenvolvida pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, se revelou inoportuna e ineficaz, gerando atritos desnecessários com outras nações parceiras, como a China, e posições totalmente desalinhadas às tradições centenárias da diplomacia brasileira.

Diante de sua inegável importância econômica para a manutenção da estabilidade mundial, sua grande contribuição à ciência e ao surgimento de novas tecnologias, é preciso reconhecer o valor das boas relações com os EUA, porém a manutenção do título de “país amigo” não pode representar uma adesão cega a posturas imperialistas alimentandas por sentimentos xenófobos e negacionistas, como se viu nas áreas da saúde e meio ambiente. Nesse contexto, ao novo ministro cabe a difícil missão de refazer laços de cooperação com um antigo aliado e importante parceiro estratégico, recolocando novamente o Brasil na condição de conselheiro prudente e eficaz interlocutor na busca de abertura para novos canais para a mitigação de conflitos políticos e comerciais ao redor do mundo.

Da mesma forma, há necessidade de restabelecer o papel de liderança brasileira que sempre foi exercido na América do Sul, ampliando o diálogo com vizinhos para o restabelecimento de parcerias nas áreas de educação, ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de fortalecer os acordos econômicos e comerciais desenvolvidos no âmbito do Mercosul que, sem dúvida, trarão dividendos ao País. O Brasil tem muito a contribuir com pesquisas avançadas na área de desenvolvimento sustentável, principalmente no setor de biocombustíveis e energias renováveis, desde que não seja visto como pária pelos demais países em razão do abandono aos tratados ambientais e negligente aos apelos internacionais dirigidos à preservação de suas florestas nativas.

É, portanto, de se esperar que, mais do que a realização de campanhas publicitárias para reconstrução da imagem do País no exterior, a atuação do novo comandante do Itamaraty restabeleça linhas de diálogo e respeito com as demais nações, com os valores plurais e democráticos que sempre conceituaram o papel exercido pela diplomacia brasileira.

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