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Opiniões

15 DE JUNHO DE 2015

Remédio amargo

Por: Humberto Challoub

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A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de elevar os juros básicos da economia de 13,25% para 13,75% ao ano, confirmou o que já se esperava diante da necessidade de conter a escalada inflacionária por meio da restrição ao crédito e, por consequência, ao consumo.

Mesmo que considerada coerente diante da política econômica adotada pelo atual Governo, de estabelecer o controle inflacionário por meio da variação das taxas de juros, a decisão do BC deverá produzir consequências ainda mais recessivas, cujos reflexos serão sentidos com intensidade a médio e longo prazos. Ao atingir setores importantes da economia nacional, a crise financeira patrocinada pelo desequilíbrio fiscal nas contas federais jogou por terra os resultados favoráveis que haviam sido obtidos com a adoção de medidas de estímulo ao consumo, notadamente as que desoneraram atividades produtivas do pagamento de impostos e outros encargos, ao mesmo tempo em que País perdeu a oportunidade de fortalecer seu mercado consumidor interno e, assim, consolidar de forma efetiva novos patamares para o crescimento da produção de bens e serviços.

É sabido que, em muitas situações, o aumento das vendas de produtos favorecida pela redução dos custos fiscais pode compensar possíveis quedas de arrecadação de tributos, permitindo o crescimento do número de vagas de trabalho motivado pela expansão das atividades comerciais, bem como o surgimento de investimentos em novos negócios.

Nesse sentido, e diante das evidências prenunciadas com os resultados negativos obtidos pela economia nacional, a tão propalada reforma tributária deveria compor, mais do que nunca, a pauta de prioridades do Governo e Congresso Nacional, de forma a corrigir distorções e estabelecer diretrizes perenes para o futuro. Negligenciadas pelo atual e governos anteriores, as propostas dirigidas à mudança nos pesos e medidas utilizadas para o estabelecimento de normas tributárias mais justas e coerentes com a realidade social brasileira, por certo, poderiam criar objetivos mais claros à retomada do crescimento.

Tamanho desequilíbrio financeiro nas contas públicas federais é uma dura lição a ser aprendida para não voltar a ocorrer , devendo servir como marco para o início de uma nova relação entre governos e setores produtivos. Empresários e trabalhadores, ao longo da história, sempre ficaram à margem das principais decisões dirigidas à economia nacional. Se até hoje esses setores foram excluídos das políticas governamentais, não é justo que, agora, sejam lembrados apenas na hora de dividir prejuízos gerados pela administração irresponsável da economia nacional.

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