Retórica incendiária | Boqnews

Opiniões

26 DE AGOSTO DE 2019

Retórica incendiária

Por: Humberto Challoub

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A ocorrência de queimadas na Amazonia ganhou a atenção internacional e despertou o debate em torno da real capacidade de o Governo brasileiro atuar de forma eficaz para evitar a destruição da floresta. Apesar de correto ao utilizar narrativas que chamam a atenção à cobiça estrangeira da biodiversidade amazônica e para uma estratégia comercial de prejuízo à imagem do País visando inibir a expansão dos produtos brasileiros na Europa, o presidente Bolsorano erra mais uma vez ao tentar inverter a realidade, atribuindo contornos políticos e ideológicos a fatos que a ciência tem conhecimento e credibilidade suficiente para explicar.

Mais do que nunca é necessário estabelecer um plano de desenvolvimento sustentável para aquela região, com diretrizes claras e o entendimento de que a prioridade deve ser o atendimento às necessidades fundamentais dos povos que nela habitam. O debate sobre as formas e métodos de desenvolvimento da Amazônia deve, obrigatoriamente, focar propostas que estabeleçam reais e efetivos canais de integração. A promoção de ações radicais e estereotipadas têm pouca serventia para evitar que o Brasil fique à mercê da desinformação e ingerência internacional.

O momento se revela propício para valorizar a participação dos vários segmentos interessados na construção de mecanismos de fiscalização e de exploração sustentável dos potenciais oferecidos pelas riquezas naturais existentes na Amazônia, garantindo assim a preservação ambiental e, sobretudo, o estabelecimento de parceiros estratégicos na defesa da soberania nacional em territórios que cada vez mais despertam o interesse de outras nações

. A negligência governamental no trato dessa questão favoreceu, ao longo dos anos, o surgimento e crescimento dos conflitos pela ocupação da terra e à exploração indevida por madeireiras e mineradoras, criando ao mesmo tempo, em alguns casos, o ambiente ideal para a ação de Organizações Não Governamentais e pseudoentidades ambientalistas estrangeiras interessadas em melhor conhecer nossas riquezas, sob o pretexto da benemerência humanitária.

Ao atual Governo é necessário entender que não é possível desprezar o conhecimento acumulado sobre a floresta, desdenhando de pesquisas técnicas e desprezando valores culturais dos povos indígenas. Nesse sentido, mais do que estabelecer retóricas de conflito, cabe ao presidente Bolsonaro agir de forma a amenizar o desgaste à imagem do País, apresentando e admitindo a verdade dos fatos para evitar que as consequências danosas das queimadas também afetem setores da economia.

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