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Opiniões

09 DE NOVEMBRO DE 2020

Retóricas superficiais

Por: Humberto Challoub

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Ingressando em sua fase final, o período de campanha eleitoral reservou até aqui espaços restritos para o aprofundamento das discussões envolvendo os grandes temas de interesse das cidades. Com superficialidade e, em alguns casos, requintes de produção, a publicidade eleitoral, especialmente a veiculada na televisão pelas candidaturas majoritárias, buscou formar esteriótipos de boa conduta e relacionar promessas de obras e prestações de serviços que, em princípio, deveriam fazer parte do cotidiano de qualquer administração pública municipal.

Temas que mereceriam maior atenção por representar caminhos para a solução dos principais problemas locais mais uma vez cederam espaços preciosos a propostas ufanistas, ao denuncismo e às práticas populistas inebriadas pelo desejo do poder a qualquer preço. Não há como negar a evolução do processo democrático brasileiro, com a melhoria das tecnologias utilizadas, o aperfeiçoamento das regras eleitorais e a maior transparência oferecida para a fiscalização das candidaturas. Porém, o mesmo não se pode dizer dos métodos e práticas políticas utilizadas, que em boa parte se revelam dissimuladas, oportunistas e, por vezes, apelativas pelo desprezo aos valores éticos e morais.

O processo em curso mais uma vez evidencia a necessidade premente de realização de uma ampla reforma política, a partir da revisão dos conceitos que conceberam o sistema vigente, especialmente os que atribuíram a necessidade de supervalorização dos partidos e os que embasaram critérios de proporcionalidade e representatividade. É preciso reconhecer os equívocos do regime atual, que resultaram no desprezo à ideologia e à fidelidade partidária, favorecendo o surgimento de candidatos de última hora totalmente desvinculados dos ideários programáticos e doutrinas dos partidos por meio dos quais pretendem ser eleitos.

Diante deste cenário de mazela política proliferaram, ao longo das últimas décadas, apenas os interesses particulares e dos segmentos que buscam dividendos econômicos às custas dos recursos públicos, por meio do estabelecimento de lobbies e do fomento às práticas corruptas. Sem uma efetiva participação e mobilização da sociedade civil, por meio das associações e entidades de classe, dificilmente será possível alterar o quadro atual. A participação nos regimes democráticos exige do cidadão muito mais do que somente o exercício do voto, caso se almeje realmente o progresso e as melhorias sociais que eles podem produzir.

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