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20 DE MAIO DE 2011

Retrato do esgotamento

Por: Fernando De Maria

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O mais recente levantamento do Índice de Qualidade no Transporte – IQT, divulgado pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU, traz um resultado já esperado: o usuário do sistema de transporte coletivo da região o reprova.


Pesquisa feita com 2.088 pessoas revela que apenas duas das cinco empresas que atuam na região tiveram índices positivos: a Intersul e a Breda, respec-tivamente. Ambas, porém, têm pouca representatividade no contexto metropolitano.


Foram avaliadas 39 permis-sionárias e concessionárias que operam cerca de 800 linhas com 5,4 mil ônibus, transportando, por mês, 55 milhões de passageiros nas três regiões metropolitanas do Estado (São Paulo, Campinas e Baixada Santista). A região responde por 7,5% do total das linhas, 10% do total da frota e do volume de passageiros transpor-tados em relação às demais localidades pesquisadas.


O levantamento não se  ateve  à opinião dos usuários. O IQT representa a soma de quatro índices: o IQC que analisa, por meio de entrevistas, a opinião dos usuários sobre o serviço; o IQF que considera os índices relacionados à manutenção e conservação da frota; o IQO ,que avalia a operação das linhas; e o IQE que leva em conta a situação econômico-financeira das empresas de ônibus.


Neste contexto, as empresas Intersul e Breda também alcançaram a pontuação máxima para o IQF, assim como a Viação Bertioga em razão do mesmo resultado. A maior permissionária da região, a Viação Piracicabana, manteve-se na 21ª posição em um total de 39 empresas. De forma geral, as principais queixas dos passageiros estão relacionadas à freqüência e intervalos das linhas (27%), lotação dos ônibus (5,9%) e valor da tarifa (5,9%).


O reflexo destes resultados está diretamente relacionado ao estrangulamento do sistema viário regional e pela incompetência das autoridades públicas em definir ações práticas para implantação de medidas visando melhorias no transporte metropolitano. O VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, tão badalado, hiberna nas gavetas do Palácio dos Bandeirantes. O mesmo ocorre com a ponte entre Santos e Guarujá.


Enquanto isso, a Baixada Santista abriga um fluxo crescente de veículos de passeio e caminhões contribuindo para aumentar o volume de congestionamentos e, como resultado, maior demora na frequência e intervalos nas linhas dos ônibus.


Está claro, portanto, que o atual sistema de transporte público está esgotado, mas não pode ser analisado de forma isolada. Com mais carros nas ruas, o trânsito torna-se mais complexo e assim forma-se uma bola de neve que só tende a crescer em razão da incapacidade política de se agilizar as melhorias necessárias ao setor, que emite cada vez mais sinais de exaustão, deixando o usuário como a principal vítima do sistema de transporte público, ainda longe de ser  metropolitano na prática.

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