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09 DE NOVEMBRO DE 2017

Rica, mas iletrada

Por: Fernando De Maria

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A divulgação recente do Índice de Responsabilidade Social (IRPS) apresentado com pompa na Câmara pelo presidente da Assembleia Legislativa, Cauê Macris (PSDB), e que ganhou as manchetes da mídia mostra, na realidade, a disparidade social existente entre Santos e seus vizinhos.

A elite se vangloria de estar entre os 14% municípios mais ricos do Estado (e, indiretamente, do País), mas joga para debaixo do tapete a pífia escolaridade reinante, assim como a longevidade abaixo da média.

Os indicadores divulgados com pompa revelam uma triste realidade: os santistas vivem literalmente em uma ilha, onde o entorno fica em segundo plano, apesar dele estar cada vez mais presente no cotidiano da Cidade.

Não será surpresa se o vizinho periférico logo sentar-se à mesa das famílias pomposas da ilha da fantasia.

O levantamento da Fundação Seade revela algumas facetas que os políticos gostam de esconder.

Afinal, são utilizados dados metropolitanos para explicar o tripé de indicadores (riqueza, longevidade e escolaridade) que mostram o Índice de Responsabilidade Social (IRPS), inspirado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) reconhecido pela ONU – Organização das Nações Unidas.

Por exemplo, a Baixada Santista está entre as nove regiões paulistas mais ricas do Estado.

Não significa, porém, que isso se reflita na população.

Cubatão, por exemplo, que já foi o 15º município com maior contribuição do PIB – Produto Interno Bruto no Estado no início deste século, hoje sequer figura entre os 20 mais ricos e a riqueza arrecadada não representou uma melhora na qualidade de vida do cubatense.

Longe disso.

As submoradias e problemas sociais se multiplicam.

Vergonha

Do que adianta apregoar que somos uma região rica se na prática o nível de escolaridade das nossas crianças e jovens está entre os piores do Estado.

Apenas a Baixada Santista e o Vale do Ribeira tiveram índices inferiores à média paulista de 54 pontos no indicador de escolaridade (que já não é tudo isso…).

Nossos alunos têm mais dificuldades no aprendizado que outros de regiões como São José do Rio Preto, Araçatuba, Marília e Campinas, que ultrapassaram os 60 pontos neste ranking.

Por fim, outro aspecto analisado refere-se à longevidade, que leva em consideração a mortalidade infantil (neste item, somos recordistas), a taxa de mortalidade de pessoas de 15 a 39 anos e dos idosos (60 a 69 anos).

Excluindo Santos, os oito demais municípios jogaram para baixo o índice metropolitano. Sinal de alerta.

Fica claro, portanto, que quando tais indicadores são divulgados deve-se levar em consideração o contexto metropolitano, pois o morador da Baixada Santista vive assim. Trabalha em uma cidade, mora em outra e estuda em uma terceira, se for o caso.

Não se pode apenas ter uma visão estreita desta realidade.

Por isso, fica cada mais clara a necessidade de ações conjuntas metropolitanas para tentar solucionar soluções comuns para o desenvolvimento regional.

Enquanto cada um ficar olhando para seu próprio umbigo, estes indicadores negativos persistirão.

Infelizmente.

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