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Opiniões

15 DE DEZEMBRO DE 2011

Salvar nosso cartão postal

Por: Fernando De Maria

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Sol, praia, mar. A partir de quarta (21), começa a estação mais aguardada para muitos, especialmente para quem depende do verão para garantir o sustento. O cenário é perfeito: família reunida, crianças brincando, cerveja, mulheres se bronzeando e  o sol brilhando. Tudo certo até a hora de tomar um banho de mar para se refrescar, ok?  Para quem deseja arriscar a nadar ao lado de enterococos, bactérias decorrentes de coliformes fecais, não há problema. Apenas podem surgir doenças como a gastroenterite e infecções de pele.


Infelizmente, quase a metade das praias da Baixada Santista está imprópria para banho, segundo último levantamento da Cetesb. Das 67 praias monitoradas, 31 (46%) estão com  a bandeira vermelha. Exceto Bertioga, todas as cidades estão com índices incompatíveis. Em Santos, bandeiras vermelhas em todas. Em São Vicente, apenas a da Ilha Porchat está com índices positivos para banho. Em Praia Grande, oito das 12 monitoradas estão com problemas. Em Guarujá, Enseada (trecho da Rua Chile) e a eterna poluída Perequê devem ser evitadas.


Alguns podem alegar que a situação é passageira, mas não é. As bandeiras vermelhas já fazem parte da paisagem. E com a temporada e as fortes chuvas que ocorrem nesta estação do ano, a tendência é um cenário mais preocupante. Em 2010, Santos, por exemplo, teve 86% das praias consideradas ruins e 14% como péssimas, índices ligeiramente melhores que no ano anterior. Na prática, a diferença decorre do período de tempo quando o mar está mais ou menos poluído. Mas o problema está lá


Vários elementos podem ser creditados à contaminação constante: aumentos populacional e do fluxo de turistas que rumam em direção ao litoral, movimentação portuária, e contaminação dos cursos d´água, ou seja, os dejetos que são lançados nas ruas e têm os canais como destinos. Conforme a Cetesb, os canais recebem contribuições de efluentes domésticos (esgotos), que lançados na drenagem pluvial, tornam-se fonte de poluição às praias”.


Quando não chove, tudo bem. O problema ocorre com as chuvas fortes, quando as comportas são abertas. Não bastasse, municípes ainda não ligaram seu sistema de esgoto do imóvel à rede coletora da Sabesp. Muitos não têm dinheiro para tal. O financiamento público deste tipo de serviço poderia diminuir o problema.


Outro agravante: a média de coleta de esgotos nos municípios litorâneos paulistas é de 57%, contra 80% no Estado. Apesar de 97% da cidade ter coleta, mas 0% de tratamento, Santos convive com dois municípios problemáticos em termos de saneamento. São Vicente tem 64% de esgoto coletado e 30% tratado e Guarujá, 51%. E nada tratado. Destino do esgoto: estuário e baía de Santos.


A questão da balneabilidade das praias só será amenizada quando autoridades municipais, estaduais e a população se unirem em torno de um objetivo comum: melhorar a balneabilidade do litoral, com investimentos, conscientização e ações públicas em defesa de um bem coletivo: o mar.

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