O senso comum tem uma percepção geralmente negativa do serviço público.
Tudo o que o Estado faz é mais dispendioso, complicado, lento e sugere ou “cabide de empregos” ou, pior ainda, práticas tangencialmente corruptas.
Contribui para tal sensação, o ânimo do funcionalismo.
Sente-se desprestigiado, mal remunerado, não vê reconhecimento em seu empenho.
A cada nova gestão, renova-se o quadro dos cargos de confiança, distribuídos entre os apadrinhados.
Sem experiência, dependem daquele corpo permanente, que – literalmente – dá conta do serviço.
Esse desalento do servidor é generalizado. Parece que o Estado não aprendeu RH, não assistiu à drástica mudança empresarial na iniciativa privada e estacionou no medievo.
Seria bom que algumas lideranças lessem algo a respeito de como tornar o ambiente de trabalho um lugar agradável e produtivo.
Uma recomendação é o livro “25 anos de história da gestão de pessoas e negócios nas melhores empresas para trabalhar”, de Daniela Diniz.
Embora trabalhe com a pesquisa GTW – Great Place to Work, o serviço público teria muito a ganhar se adotasse algumas das práticas daquele setor que não tem holerite nem contracheque no final do mês.
Depende do seu próprio esforço e da receptividade do mercado.
O Estado não tem política para o seu funcionário.
Não mostra confiança nele.
Não o faz orgulhoso do que faz.
E isso evidencia a falta de liderança do comandante.
Quando os funcionários confiam no setor em que atuam, estão dizendo que confiam no líder para quem trabalham.
O ranço da normatividade imperante nas repartições é evidente.
Não se trabalha com o mérito, com o rendimento.
Não se prestigia a ampliação da folga quando não há tarefas urgentes ou a prática eficiente do trabalho remoto.
A exigência do famigerado “ponto”, obrigar a pessoa a estar durante um período inteiro à disposição de chefias incompetentes, é um sacrifício que poucos suportam.
Apenas aqueles que não têm opção.
Por isso é que uma pesquisa entre o funcionalismo estatal em qualquer nível – federal, estadual e municipal – mostrará o desconforto e a insatisfação como vetores preponderantes.
Vão se refletir naquela falta de entusiasmo e reforçar a ideia de que tudo o que o governo faz é mais caro, mais demorado e de péssima qualidade. Isso vale para os 3 poderes da República.
José Renato Nalini é diretor-geral da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-sGeral da Academia Paulista de Letras.
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