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20 DE FEVEREIRO DE 2014

Sina permanente

Por: Fernando De Maria

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As cenas ocorridas ao longo da última semana como os congestionamentos de caminhões atingindo moradores de Cubatão, cujos reflexos foram sentidos em Santos e Guarujá, serão apenas um aperitivo do que virá por aí nos próximos meses.
Apesar das tentativas e promessas das autoridades para melhorias, o cenário não deverá ser tão diferente em relação ao ano passado. Com previsão de mais uma super safra, o crescimento do volume de caminhões rumo ao litoral – tendo apenas uma pista Sul da Anchieta como descida – será contínuo.
A própria Codesp – autoridade portuária do cais santista – estima que a expectativa de movimentação de cargas será de 122 milhões de toneladas, 7% a mais que em 2013, que já havia registrado novo recorde. Ainda mais com o funcionamento a todo vapor de dois novos terminais: a BTP, instalada na Alemoa, e a Embraport, na área continental santista. 
Mais terminais, maior fluxo de caminhões, responsável por 75% de toda a movimentação de cargas do Porto de Santos. As ferrovias, alternativa  ideal, ficam com apenas 25%.
A tentativa de obrigatoriedade de agendamento dos caminhões junto aos terminais portuários para evitar os transtornos é válida, mas a situação não é tão simples e os resultados não serão resolvidos em um passe de mágica. Muitos exportadores contratam caminhoneiros para escoar sua safra, sem avisar os terminais, o que contribui para a formação das filas. Algo semelhante ao turistas que vinham ao terminal de passageiros e queriam embarcar logo nas primeiras horas da manhã provocando uma concentração  de pessoas descomunal. A situação melhorou este ano, pois houve uma redução no total de embarcações atracadas.
Uma empresa do setor portuário implantou por conta própria o agendamento dos caminhões para entrada no seu pátio  há oito anos. Só mais recentemente a situação foi normalizada. Os motivos são diversos: às vezes, para os exportadores é melhor pagar as multas do que deixar sua carga parada em sua origem. Não bastasse, ocorrem quebras, trânsito complicado, acidentes e outras eventualidades que podem atrapalhar qualquer planejamento.
Por isso, ao lado da aplicação de multas aos terminais, é preciso oferecer uma retaguarda para a chegada dos caminhões, que se misturarão entre os agendados e os não agendados, que representam hoje 10% do total, conforme a Codesp.
A verdade é que temos um volume de pátios para estacionamento de caminhões longe do ideal. No ano passado, a SPU – Secretaria do Patrimônio da União liberou um terreno de 250 mil metros quadrados no retão da Alemoa para atender parcela de caminhões que chegam ao cais. O que avançou? Sem estrutura, caminhoneiros chegam a ficar 36 horas em ruas e lugares ermos, correndo todos os riscos, sem direito a banho, segurança ou alimentação. 
De nada adianta batermos recordes de movimentação de cargas, se a nossa estrutura de acesso está esgotada. Em condições normais, há apenas uma pista do trecho sul da Via Anchieta para escoamento dos caminhões, com constantes acidentes. Tal cenário contribui com a elevação do custo-Brasil, em razão do consumo aumentado de combustível, trazendo também impactos respiratórios às pessoas. Portanto, preparem-se: as cenas da última semana se repetirão.

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