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Opiniões

14 DE OUTUBRO DE 2011

Sistema em risco

Por: Fernando De Maria

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Principal ligação entre o litoral e a Capital, o Sistema Anchieta-Imigrantes registrou, nos primeiros nove meses do ano, aumento do número de mortos e feridos em acidentes. Trata-se de um triste recorde. Afinal, em 13 anos sob concessão pública, nunca foram registrados tantos feridos nos 176,8 quilômetros que integram o sistema.


Ao todo, foram 2.595 casos de janeiro a setembro. Embora os acidentes tenham caído 14%, eles estão mais fatais. O número de mortos subiu 19% (de 77 a 92) – equivalente a uma morte a cada três dias – e o de feridos, 31% (de 1.988 para 2.595) – cerca de 10 por dia.


A síntese desta triste evolução pode ser descrita naquele trágico engavetamento que paralisou o sistema no último dia 15 de setembro, quando um motorista morreu e 51 pessoas ficaram feridas, com o envolvimento de quase 300 veículos.


A Ecovias, concessionária do sistema, alega que 85% do total de acidentes com feridos são considerados leves e culpa a imprudência de motoristas e pedestres. Enfim, resposta simplória diante desta realidade cada vez mais latente.


Qualquer morte ou acidente grave deveria, acima de tudo, ser evitado. Na prática, porém, a situação é bem diferente. Alguns fatores devem ser levados em consideração para entender o motivo deste triste crescimento de vítimas fatais e acidentes graves, que permeiam o noticiário.


Tanto a frota de carros como de caminhões – que tem participação efetiva no total de acidentes registrados nas estradas do litoral – têm crescido. Além disso, a ligação pelo Rodoanel facilitou o fluxo de pessoas que circulam em direção ao litoral. Por ano, segundo a concessionária, são 30 milhões de veículos.


O aumento na movimentação de cargas do porto impulsiona a movimentação da frota. Mais caminhões, maior risco de acidentes, ainda mais levando em consideração que temos – de forma geral – veículos sucateados. Um verdadeiro risco nas ruas.


Além disso, a divisão da mesma estrada por caminhões e carros, especialmente na Via Anchieta, é um verdadeiro atentado à vida. A tarifa cobrada do pedágio é a mesma, mas a segurança está longe da ideal nesta estrada. O policiamento rodoviário, que deveria se fazer presente ao longo dos trechos mais complexos, é raro, contribuindo para os constantes abusos.


A concessionária, por sua vez, apesar do robusto faturamento em razão dos valores cobrados nas tarifas do pedágio, não investe na mesma proporção para garantir maior segurança aos usuários, seja iluminando trechos mais perigosos, especialmente ao longo da Via Anchieta, seja construindo mais passarelas. O Governo do Estado, por sua vez, via Artesp, agência reguladora,finge que não existem problemas.


Sobra, portanto, ao usuário,  que paga caro para sofrer com o descaso coletivo. E rezar para fazer uma viagem tranquila.

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