A operação desencadeada pela polícia nas cidades da Baixada Santista, que resultou na morte de um policial e 16 suspeitos, traz à luz a constatação do grande domínio exercido pelas quadrilhas que comandam o tráfico de drogas em comunidades da região.
A medida em que se intensificam as ações policiais em áreas ocupadas por grupos criminosos, principalmente nos conjuntos de favelas localizados nas áreas periféricas e morros, evidencia-se os níveis de sofisticação e audácia alcançados pela criminalidade.
Ocupando posições estratégicas e, na maioria das vezes, dispondo de modernos sistemas de informação, os traficantes agora demonstram a firme disposição de resistir à polícia, colocando em dúvida a real capacidade do Estado no combate ao crime organizado.
Dispostos ao enfrentamento com os policiais, as quadrilhas revelam-se equipadas com armamentos de última geração – muitos deles somente encontrados em guerras convencionais -, o que demonstra uma pretensão nunca vista para manter e expandir o domínio das áreas utilizadas para comércio de drogas.
Transformadas em verdadeiros guetos, as comunidades dominadas hoje são geridas por leis próprias, o acesso é restringido e controlado, com total desprezo às regras que normatizam a vida em sociedade.
Fortalecidos pela negligência das administrações públicas, omissas no atendimento das demandas sociais básicas, as quadrilhas, em muitos casos, contam com a simpatia e proteção da população local.
Hoje também as facções estão inseridas em esferas do poder constituído pela prática recorrente de atos de corrupção e, o que é pior, designam sentenças de morte contra autoridades e todos aqueles que julgam como sendo uma ameaça à atividade, e também controlam horários de comércio e funcionamento de unidades educacionais.
Como se tudo isso só não bastasse, até mesmo os presídios foram transformados em escolas do crime, onde se originam os principais planos e estratégias para ações criminosas.
Por essa razão, a adoção de medidas vigorosas para o restabelecimento do poder do Estado, guiadas pela lei, devem merecer total apoio da sociedade, por meio de intervenções e da permanência das forças militares nas áreas hoje dominadas pelas quadrilhas de traficantes.
Ao mesmo tempo, é necessário introduzir medidas sociais cabíveis para reconquistar a credibilidade junto às populações residentes, para que o tráfico não seja substituído por milícias.
A mobilização e união de esforços nas esferas municipais, estaduais e Federal tornam-se imprescindíveis para o sucesso na guerra contra o crime organizado, visto que, sem dúvida, contará com o apoio irrestrito da sociedade civil.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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