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Opiniões

02 DE NOVEMBRO DE 2015

Sobrevivência social

Por: Fernando De Maria

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Após muito suspense, a secretaria de Educação do Estado divulgou a lista das escolas que encerrarão suas atividades (quatro na região: Braz Cubas, em Santos, e três em Guarujá), e as que passarão a ter ciclo único na Baixada (15 no total), ou seja, serão unidades exclusivas de acordo com a faixa etária, não misturando alunos de idades tão discrepantes, como crianças do Ensino Fundamental e adolescentes do Ensino Médio ocupando os mesmos espaços. As mudanças gerais afetarão 6.500 alunos.

A dúvida, porém, será o destino dos prédios das escolas fechadas, que tendem a ser repassados aos municípios ou ao Centro Paula Souza, responsável pelas Etecs e Fatecs. Os exemplos atuais mostram um cenário desanimador quanto às escolas estaduais e na atenção dada ao assunto.

Por exemplo, o prédio da escola Acácio de Paula Leite Sampaio, na Vila Nova, que outrora pertencia ao município e foi repassado ao Centro de Paula Souza. Abandonado, o imóvel tombado apresenta sinais evidentes de degradação. O que era um espaço vivo do ensino técnico virou uma edificação inativa, morta.

Uma das promessas eleitorais de transformar a Hospedaria dos Imigrantes em uma nova unidade da Fatec já virou lenda. O imóvel – ou o que sobrou dele – sintetiza a degradação da Vila Nova, área onde cresce o tráfico de drogas e a degradação humana.

Estes são alguns exemplos de como a educação é tratada pelo governo paulista, especialmente na Baixada Santista. O Ideb – Índice de Desenvolvimento de Educação Básica revela que as notas dos alunos das redes estaduais são menores que a média paulista.

Entre as séries iniciais (até a 4ª série/5º ano), apenas São Vicente obteve nota acima da média estadual, de 5,7. A cidade atingiu o 6,0.
Já nas séries finais (8ª série/9º ano), Santos (4,5) e Itanhaém (4,4) se destacaram, mesmo de forma tímida, em relação à média paulista (4,4), ainda que abaixo da meta projetada para 2013, último ano do balanço divulgado.

Não é à toa que os pais prefiram matricular os filhos em escolas municipais, que apesar dos problemas existentes são mais atraentes que as do Estado, salvo as honrosas exceções de praxe.

Por isso, não deixa de ser preocupante aos pais portaria da Secretaria Municipal de Educação de setembro que passou a exigir uma série de documentos para comprovar que os novos alunos matriculados nas escolas municipais residam em Santos, de forma a evitar a natural migração de estudantes de cidades vizinhas.

Na Ponta da Praia, por exemplo, existem escolas onde 80 a 90% das crianças são de outros locais, como Santa Cruz dos Navegantes, em Guarujá.

A mudança provocará problemas aos pais que trabalham em Santos, mas residem nas cidades ao redor. E será que os municípios de origem estão preparados para assumir a demanda escolar? O impasse está criado e o tempo é curto.

Espera-se bom senso em lidar com o assunto, de caráter metropolitano, pois a educação é, para as famílias carentes, a única forma de sobrevivência e inserção social.

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